Nampula (IKWELI) – O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), na província de Nampula, defende a necessidade de se recorrer as carteiras móveis para transferência de dinheiro para as famílias vitimas do ciclone JUDE que fustigou aquela parcela moçambicana.
Neste momento, muitos distritos da província de Nampula continuam incomunicáveis, via terrestre, com a capital provincial, devido ao corte das rodovias (seis mil quilómetros de estradas destruídas), impossibilitando, assim, a assistência humanitária às famílias afectadas.
Dados das autoridades governamentais apontam que cerca de cem mil (100.000) pessoas, correspondente a perto de vinte mil (20.000) famílias, ficaram afectadas pela acção da tempestade tropical severa, que ficou baptizada por JUDE, e estima-se que perto de dezanove mil (19.000) casas ficaram destruídas.
Por outro lado, dados partilhados na última quarta-feira (12) apontavam a existência de pessoas sitiadas em quatro comunidades, nos distritos de Angoche e Ilha de Moçambique.
Durante a sessão do Comité Operativo de Emergência (COE) provincial, cujo o tema de fundo foi mesmo sobre como fazer chegar a assistência humanitária às pessoas afectadas, aqueles que precisam de, pelo menos, algo para se alimentar, uma vez que o JUDE levou consigo os seus mantimentos.
Para a urgente minimização desse sofrimento, o representante da OCHA, defendeu ser necessário o recurso as carteiras móveis para prover o apoio a essas famílias, pois com dinheiro nas suas contas, por si poderiam fazer suas compras nos agentes comerciais mais próximos.
“Olhando pela situação em mão, nós devemos fazer o uso de meios tecnológicos, podemos optar por valores electrónicos, falo em concreto do mpesa ou e-mola, acredito eu que é fácil enviar os valores para os beneficiários,” disse o representante da OCHA em Nampula.
“Nós acreditamos que em cada comunidade, em cada zona tem lá agentes comerciais, a população afectada poderá aproximar essas estâncias para poder levantar os produtos alimentares e outros. Para melhor controlo, nós temos várias equipas de segurança, eles podem nos ajudar a monitorar e controlar para que nenhum valor possa ser desviado,” acrescentou a fonte.
A proposta deixou algumas dúvidas na sala de COE, de tal forma que a Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, referiu que a adesão a aquele tipo de sistema de assistência humanitária pode trazer impactos negativos.
“Vale a pena reflectirmos um pouco mais. Eu sei que estamos a ter muita pressão para aderirmos a esse sistema, mas não seja mau, se calhar temos que ter um trabalho de base muito bem estruturado, devido a conjuntura que nós passamos agora. Estarmos a subsidiar devidamente, se formos a atribuir as senhas temos que estipular qual é o valor das senhas,” começou por alegar Luísa Meque.
“Mas, também, temos a situação dessa vandalização feita ao nível dos distritos, muitos estabelecimentos comerciais foram vandalizados, então, temos que ter certeza onde é que essas pessoas iriam levantar os produtos. Também a comunicação não é das melhores, então, como é que teríamos certeza que as pessoas estão a receber de facto este valor? Então é preciso também ponderarmos, sob risco de pensarmos que estamos a resolver o problema enquanto não. É um trabalho a ser feito ao nível da base,” sublinhou a Presidente do INGD. (Constantino Henriques)