Nampula (IKWELI) – O comportamento da chuva na presente campanha agrária está a dar conforto aos produtores do sector familiar do povoado de Molôa, no posto administrativo de Anchilo, distrito de Nampula.
Depois de verem os seus esforços inutilizados na edição agrária do ano passado, devido a queda irregular de chuva concorrendo para a indisponibilidade de produtos alimentares, este ano os moradores de Molôa prognosticam uma boa produção, pois desde meados de Novembro findo a chuva refrescava as áreas de produção.
“O ano passado é para esquecer, não dá para recordar. Veja que a chuva só caiu por volta do dia 15 de Janeiro, e não foi em grandes quantidades, semeamos, mas a semente não germinou como deve ser, isso não nos ajudou. Por essa razão até agora quase ninguém tem comida nas casas, aquilo foi terrível,” recordou Gildo Mussa, residente local.
“Mas para este ano, as coisas estão diferentes, logo cedo tivemos o registo de chuva, e neste momento os produtos nos enganam nas machambas. Desde os finais do mês passado estamos a comer feijão cute, aquele mais rápido que chamamos namuruwa. Então, esse é um bom sinal,” acrescentou Gildo Mussa.
A população da comunidade de Molôa, em Anchilo, tem-se dedicado a produção das culturas de mandioca, milho, amendoim, assim como feijões, culturas essas que mostram um bom nível vegetativo. “Este ano se não for outra coisa, penso que teremos boa produção, porque Deus tem nos dado chuva. O que semeamos está a crescer bem, embora tivemos muitas dificuldades para conseguir a semente, por falta de dinheiro porque no ano passado não produzimos o suficiente para garantirmos a conservação de muita semente. Mas aquilo que Deus quiser nos dar, teremos,” referiu Inácio, outro habitante de Molôa.
“Agradecemos a Deus porque este ano mesmo está a chover muito. No ano passado neste momento não tínhamos muita água no rio Mogincual, mas agora até é difícil atravessar. Por isso para além da produção lá nas machambas, as nossas mulheres descansaram e já não precisam de percorrer longas distâncias para conseguir água para beber e para outras actividades,” precisou Júlio António.
O receio pelas bolsas de fome é da população de Nametil
Por seu turno, as zonas a volta da vila de Nametil, sede do distrito de Mogovolas, estão a registar fraca queda de chuvas, e os moradores locais receiam que os próximos tempos sejam de grande desafio.
“A única novidade de Namakharu é o sol, lá poucas vezes chove, por isso o que semeamos não está a ter bom desenvolvimento. No começo tivemos chuva, mas vinha com ventos fortes e as culturas ficaram queimadas. Em Namakharu nós semeamos feijão, amendoim, milho, mandioca, mas todas estas culturas não estão a garantir,” disse lamentando Názimo Omar, residente em Namakharu, bairro A
Castelo Rufino é residente no povoado de Mukukuni em Locolola e, ao Ikweli, também manifestou sua preocupação devido a queda irregular de chuva na presente campanha agrícola.
“Se continuar assim, este ano teremos fome, sem dúvida. Não há nada que está a nos encorajar, nem amendoim, nem milho, nem mandioca, estão a garantir, por isso em Locolola sofremos muito,” frisou Castelo Rufino.
Lembre-se que isso acontece numa altura em que o governo do distrito de Mogovolas planificou produzir 227,624 toneladas de culturas diversas, numa área de 77,586 hectares. Esta meta pode ser atingida através de outros postos administrativos do distrito, onde a chuva cai com regularidade, como são os casos de Calipo e Iuluti e Nanhupo-Rio. (Constantino Henriques)
