Nampula (IKWELI) – A população da sede do posto administrativo de Aube, no distrito de Angoche, a sul da província de Nampula, está a abandonar a região, por temer que supostos Naparamas possam voltar e criar terror.
Recentemente, a Polícia da República de Moçambique (PRM) abateu, pelo menos, 7 supostos Naparamas, que pretendiam forçar a redução dos preços de produtos de primeira necessidade naquela circunscrição.
Uma fonte local disse ao Ikweli que o medo e a insegurança da população do bairro de Uchaka e Eduardo Mondlane são visíveis, numa altura em que houve relatos de que após o “vuco-vuco”, os Naparamas teriam prometido regressar para fazer das suas.
“Daquilo que acompanhamos, a situação começou quando os Naparamas chegaram e disseram que queriam uma reunião com os chefes do posto e as autoridades policiais disseram não, vocês não podem fazer isso, depois eles insistiram, foi quando a polícia mandou voltar e dali mesmo a confusão começou. Em pouco tempo o ambiente ficou muito diferente, até agora no local onde tinha essa confusão há indícios de sangue, eu passei em todos sítios.”, disse a nossa fonte.
Devido ao medo instalado, o Ikweli apurou, igualmente, que as instituições públicas encontram-se encerradas, pois “até a população vizinha desses locais onde havia confronto, ninguém está naquelas casas, as pessoas estão a fugir, estão a ter medo, dizem que há previsão de regresso desses tal Naparamas, a secretaria comum não está a funcionar, o hospital não funciona, não há nenhum serviço público que está a funcionar e o chefe do posto não está cá, até que há aquela fita que usam não sei na cabeça ou na mão está ainda no local do confronto”.
A preocupação é enorme nos olhos dos populares por notar que nos últimos tempos a intolerância reside em todos, até das pessoas mais próximas que deveriam ser o refúgio dos aflitos.
Os Naparamas são conhecidos como guerreiros moçambicanos que historicamente surgiram em meados da década de 1980, no contexto da guerra civil moçambicana, aliando o conhecimento tradicional, elementos místicos e um sentimento de comunidade, mas o que se nota nos últimos tempos é complexo.
Dalila Ussene, presidente do município da cidade de Angoche, disse que ao nível da circunscrição que dirige não há relatos do surgimento dos chamados Naparamas, porque várias actividades de segurança estão a ser levadas a cabo. “Apesar de que estou na cidade de Angoche, as agitações não abrangeram aqui, porque estamos a controlar, mas há sempre uma tentativa por parte deles em entrar aqui na cidade, mas até agora, graças a Deus, estamos a conseguir controlar.”, concluiu. (Malito João)