Nampula (IKWELI) – Um suposto líder de 40 indivíduos, alegadamente Naparamas, foi linchado pela população da zona residencial de Mothomoio, no bairro de Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula.
A população diz que a vítima, Zape, e o seu grupo saquearam bens nas residências do bairro.
Outros membros do grupo conseguiram escapar com vida, tal como disse ao Ikweli Ibraimo Juma. “Era um grupo de malfeitores, também chamados de Naparamas, eles entravam de casa em casa armados de catana, com o objectivo de exigir espaço, alegando que são lugares deles. A maior parte deles são jovens daqui, então quando chegaram na minha casa, levaram todas coisas que eu tinha, como se não bastasse partiram a minha casa, alegando que não tinha boas condições e caso eu não entregasse, poderiam tirar a minha vida”, por isso “para salvar a minha vida tinha que fugir, acabei ficando três meses fora de casa, só agora é que regresso depois de ouvir com os meus vizinhos que ele já perdeu a vida, assim quero ver se consigo recuperar alguma coisa”.
Atumane Abdala é outra testemunha por nós entrevistada e conta que “esses vinham no período da tarde para te avisar que tens que sair de casa e só voltavam de noite, caso te encontrassem no local, eles te espancavam com qualquer tipo de objecto, uma vez que andavam armados com catana. Por medo, muitos começaram a fugir do bairro, uma vez que esse líder era muito corajoso, ele se chamava Zape, vivia no bairro de Angola, então quando ele saia da sua casa numa calada da noite, a população aproveitou para queimar o corpo dele dentro da cova, esse senhor catanou muita gente, são incontáveis”.
Armindo Ronaldo, outra fonte, diz que o grupo assinalava as casas, por eles pretendidas, com a sigla “PRM”.
Um membro do grupo confirmou ao Ikweli as investidas do mesmo contra a população. “É verdade sim, eu fazia parte desse grupo e éramos muitos, aproximadamente 40 membros, mas quando vínhamos aqui, o objectivo era expulsar as pessoas e passarmos a viver, porque não tínhamos onde viver e entramos aqui graças a um grupo de amigos que, também, vivia aqui. Fizemos esse trabalho cerca de 4 meses, mas depois fui preso, quando entro nas celas, os meus amigos que escapavam começaram a reivindicar, sequestraram algumas pessoas em troca da minha libertação, só que antes de eu sair da prisão os agentes da polícia me aconselharam a abandonar o caminho para não voltar de novo a prisão”.
“Quando desisto do trabalho, o meu líder, esse que foi morto, disse que poderia me matar caso eu saísse do grupo, vieram a minha casa com intenção de incendiar, bateram a mim e a minha família. Por medo, tive que ligar para os agentes da polícia no sentido de nos socorrer. No mesmo dia ele formou outro grupo com objectivo de dar continuidade de assaltar e saquear bens nas casas, para depois na noite de sábado acompanharmos que ele foi queimado e morreu.”
Por sua vez, o secretário desta zona residencial, Daniel Transino, explicou que depois de tomar conhecimento da situação, não pode interferir por medo. (Virgínia Emília)
