Nampula (IKWELI) – A delegação do Instituto Nacional de Redução do Risco e Desastres (INGD) a nível da província de Nampula, extremo norte do país, entende que o sistema de alerta por via de SMS introduzido na época chuvosa 2023/2024 está a surtir efeitos positivos, uma vez que a população está cada vez mais atenta as informações partilhadas pelo sector sobre as mudanças climáticas de uma determinada região e as medidas preventivas a ter em conta.
Trata-se de um sistema de alerta introduzido com vista a prevenir e mitigar os riscos de desastres nas famílias afectadas pelas intempéries calamitosas, após a catástrofe causada pelo ciclone Idai que assolou o país em 2019 causando milhares de óbitos, destruição de infraestruturas públicas e privadas.
Anacleta Botão, delegada do INGD em Nampula, explicou que do inquérito feito aquando do ciclone Idai, constatou-se que as pessoas não recebiam informação a tempo, daí que houve necessidade de aprimorar os sistemas de alerta “Nós sentamos e vimos que das várias maneiras de fazer chegar a comunicação a população quais delas seriam as mais assertivas e vimos que as mensagens eram uma das vias. Temos várias outras, mas a mensagem chega rápido e quando a pessoa recebe, não precisa encaminhar, a operadora já faz isso. E se já começamos a sentir as pessoas a falarem das SMS’S do INGD, é porque realmente está a chegar a população, sentimos essa abordagem na cidade, nos distritos e mesmo lá nas comunidades. Os memes que fazem das nossas mensagens são um feedback de que as pessoas estão a ler.”
Questionada sobre o facto de as mensagens serem enviadas de minuto a minuto aos telemóveis dos visados, a fonte disse, “se o perigo for intenso, também vamos receber com muita intensidade, isto é para despertar a nossa consciência que o perigo é iminente e nós temos que agir.”
Entretanto, Botão avançou ao Ikweli que o próximo passo passa por monitorar o nível de recepção das mensagens vinculadas, enviadas de forma a medir até que ponto os destinatários realmente acatam as informações fornecidas “O desafio que temos agora, é monitorar se as pessoas que estão em locais de risco nas comunidades estão mentalmente preparadas para receber um aviso ou orientação para abandonar a sua casa. Porque há muitos que dizem que não.”
Além do INGD, as mensagens são partilhadas igualmente pela meteorologia que informa sobre as chuvas intensas e a ocorrência de um ciclone enquanto que os recursos hídricos alertam sobre as cheias e não aproximação dos rios “Os nossos contactos estão registados nas operadoras, e para nós recebermos uma mensagem, é porque estamos conectados a um sistema de comunicação. As nossas mensagens não são enviadas para nenhum contacto, mas sim para o satélite, se a área onde eu estiver a passar tiver previsão de ocorrência de chuva ou de ciclone, automaticamente recebo a mensagem, é como conectar wi-fi, se estiver a passar por um sítio onde tem wi-fi, o telefone acciona. Nós trabalhamos com o Instituto de Comunicação de Moçambique.”
Qual é o sentimento dos munícipes quanto às mensagens?
Em interação com alguns munícipes, o Ikweli constatou que nem todos vêm com bom grado o sistema adotado pelo INGD, alegando que é cansativo receber tais mensagens porque já sabem se prevenir.
“Nós passamos muito mal com essas mensagens, não faz sentido sempre estarmos a receber mensagens, porque nós já sabemos como nos prevenir, é normal entrarem mensagens e a gente achar que é mensagem de um familiar ou amigo, mas quando abrimos o celular, encontramos deles, depois é normal mandarem cerca de três vezes de uma única vez, então isso não vai nos ajudar, gostaria que eles entrassem em coordenação para regularizar esse assunto,” disse Américo Batista.
Osvaldo César pensa de forma diferente, para ele “as mensagens são boas e fazem um bom trabalho, mas nos preocupa muito que sempre mandem, depois com uma única informação, acredito eu que eles tiveram acesso ao nosso contacto através das operadoras, por isso esperamos que eles tentem melhorar essa situação, por exemplo, eu ontem estava à espera de uma informação vinda do meu chefe, mas sempre tinha que estar a receber a mesma mensagem, em apenas um dia recebi 5 vezes uma única mensagem.” (Ângela da Fonseca e Virgínia Emília)