Na luta pela sobrevivência: Viúvas dedicam-se a venda de “mpepe” na cidade de Nampula

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Nampula (IKWELI) – A luta pela sobrevivência continua sendo um grande desafio para todas as camadas sociais, sobretudo as mais vulneráveis, por isso há recorrente procura de meios de sobrevivência pelas pessoas.

Na cidade de Nampula, maior autarquia do norte de Moçambique, sempre que chove há um tipo de insecto que pulula pela urbe, sobretudo na iluminação. Conhecido como um insecto da classe dos grilos, o “mpepe” tornou-se parte do cardápio de muitas famílias, sobretudo na época chuvosa.

Desprovidas e desfavorecidas, mulheres viúvas encontraram na colecta, tratamento e venda de “mpepe” como um meio de subsistência adquirido.

Cândida José, de 32 anos de idade, mãe de 4 filhos e viúva há 2 anos, residente na zona do Condomínio Mercado, na unidade comunal de Mutava Rex, nos arredores da cidade de Nampula, que pratica a comercialização do “mpepe”, viu nesta actividade uma oportunidade de negócio e uma forma de “os meus filhos não se perderem no mundo das drogas. Vi que é uma oportunidade para ajudar-me a sobreviver, sempre que chove tenho acordado as 3h de madrugada, vou as casas das minhas vizinhas onde tem lâmpadas florescentes, agarro, chamo minhas crianças e digo: tragam várias bacias. Vamos vender [os mpepes que caçarmos]. Mesmo se não vendermos, dão para a nossa alimentação”.

A dona Luísa, também vendedeira de mpepe, diz ter recrutado 5 mulheres que também se encontram na mesma situação que ela para caçar os insectos. Ela conta o quão é difícil ter que ficar de olhos abertos no tempo chuvoso e na maioria das vezes ter que levar os filhos para a caça dos pequenos insectos (mpepes) para a comercialização.

“Hoje consegui apenas uma bacia por conta da chuva que não foi intensa”, disse, anotando que “com este valor que conseguirmos, terei como comprar material escolar para os meus filhos”.

Muanacha Abibo, outra vendedeira, conta-nos quanto vale cada copo. “Um Copo de Danone custa 20,00Mt (vinte meticais), enquanto copo catorzinha [uma média de perto de 300ml] custa 30,00mt (trinta meticais). Há dias que consigo 1.000,00Mt (mil meticais) ou 2.000,00Mt (dois mil meticais,” explica a senhora Muanacha, que acrescenta que com o dinheiro que ganha, compra roupa e comida para seus filhos.

Rosa Celestino, que também é uma das divorciadas, que vive num dos bairros da periferia da cidade de Nampula, diz ter mais de três sacos no seu stock. 

Quem são os clientes?

Os maiores apreciadores de Mpepe são mulheres, mas engana-se quem pense que o mpepe é apenas consumido por pessoas de baixa renda. 

As nossas fontes revelaram que indivíduos de nacionalidade estrangeira, também, são apreciadores do alimento. 

Muaziza Carlos, de 38 anos de idade, é uma das várias consumidoras de grilos (mpepes) e como muitos nampulenses, busca este caril para alimentar a sua família.

“Assim que tirarmos da água, devemos colocar no sol que é para secar, assim que secar meter no fogo e fritar. Depois de fritar num período de 5 minutos, devemos tirar as azinhas, voltar a fritar com sal sem adicionar água, pode ser acompanhado com chima de caracata [feita com base na farinha de mandioca] assim com chima branca [confeccionada na base de farinha de milho]”.

Como a senhora Muaziza, o cidadão Juny também é um dos consumidores e revela que “este caril é mais bom que carne de cabrito, a melhor forma de preparar é fritar adicionar um limão e piripiri”, acrescentando que “compro um quilo ou mesmo dois quilos por dia”. (Atija Chá)

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