Nampula (IKWELI) – Nesta segunda-feira (13) são investidos os deputados da Assembleia da República moçambicana para a X Legislatura, num misto de perspectiva de mudanças, ansiedade ao progresso e um melhor debate na casa do povo.
Moçambique foi palco das VII eleições legislativas que tiveram lugar a 09 de Outubro último, cujos resultados foram validados a 23 de Dezembro, pelo Conselho Constitucional (CC), órgão soberano e deliberativo.
Enquanto última instância de matérias jurídico-constitucionais e do contencioso eleitoral, o CC deliberou a entrada de mais um integrante na casa do povo, neste caso, o partido do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, o qual obteve o segundo lugar nas eleições, consolidando-se como uma força política relevante na oposição.
Por conta disso, vai estrear na Assembleia da República (AR), o mais alto órgão legislativo no país, com 43 deputados, fazendo com que se saia do famoso trio parlamentar que ocupava a AR, para quatro, facto que representa um avanço e um marco na história de Moçambique.
O novo cenário vai, também, a composição das posições na AR, onde o partido no poder, a FRELIMO que sempre foi a maioria, continuará no trono com 171 deputados, seguido do PODEMOS que estreia com 43, fazendo com que a Renamo caía para o terceiro lugar com 28 e na última posição o Movimento Democrático de Moçambique que contará com apenas 8 representantes do povo, perfazendo assim o número de 250.
A província mais populosa do país, Nampula, fez jus ao título ao “lançar” ao parlamento um total de 48 deputados, tal como figura na lista de mandatos por província, distribuídos em, 27 para a FRELIMO, PODEMOS 11, RENAMO 07 e 03 para o MDM, respectivamente.
No entanto, o novo partido da oposição que estreia com 11 deputados na capital do norte conta, na sua lista, com apenas duas figuras femininas que poderão representar a população de Nampula na concorrida “casa do povo”.
Por forma a dar a conhecer o perfil das novas representantes dos Nampulenses, a equipa do Ikweli teve a oportunidade de conversar com elas, Luísa Paulino António e Atija Momade Abacar Mussa.

Luísa António, de 59 anos de idade, casada e mãe de quatro filhos, começou por traçar sua trajetória de vida no Ministério da Defesa, ao ter sido incorporada no Serviço Militar Obrigatório em 1982, quando tinha apenas 16 anos e na altura, encontrava-se a fazer o segundo ano na Escola Industrial e Comercial 3 de fevereiro. Após um ano de treinamento, no distrito da Moamba, em Maputo, decidiu entrar para a escola de Saúde Militar porque o seu sonho sempre foi cuidar da saúde das pessoas. Terminado o curso, Luísa trabalhou por 9 anos nessa área.
Entretanto, Luísa escolhe entrar na política após ter sido desmobilizada e, por conseguinte, ter aguardado muito tempo para receber a sua reforma da vida militar. Uma demora que a fez pensar que não foi dada a devida atenção. Dai que conheceu o MDM, após ter recebido um convite do falecido Muhamudo Amurane, antigo presidente do Município de Nampula.
“Fui desmobilizada e fiquei em casa, mas nunca fui uma pessoa que se deixa abater e trabalhei em algumas ONG′s em vários projetos, cujo o foco era o bem-estar das crianças durante quatro anos. Mas depois fui convidada por Amurane para fazer parte do MDM, e olhei para a política como um desafio, foram alguns anos que pude perceber que afinal de contas posso contribuir com ideias para a mudança da minha província e porque não país”.
“Bingo”, o sonho de trabalhar para o desenvolvimento do país viria a se tornar real quando conhece o partido PODEMOS, e após um processo renhido na corrida as eleições legislativas, viu seu nome encaixado na lista de deputados que irão representar a província na casa parlamentar.
Por isso, estando na AR, promete defender os interesses da população do seu círculo eleitoral, Nampula
“Eu não me canso e não vou me cansar, até ver minha província e meu país a andar”, disse.

Uma outra figura que promete mudanças para a província, como deputada, é Atija Momade Abacar Mussa, de 42 anos de idade, igualmente casada e com apenas uma filha.
Atija Mussa entra para a política à revelia dos seus parentes, pois estes nunca aceitaram que a mesma fizesse parte de qualquer partido, principalmente os da oposição.
“Os meus parentes não queriam que eu entrasse na política, mas eu insisti, porque eu que tenho capacidade suficiente para trazer mudanças. A força foi tanta que meus pais acabaram por me apoiar, no entanto pediram que tivesse muito cuidado”, narra Atija, que até a data da sua eleição como deputada, pelo partido PODEMOS, dedicava-se a comercialização de vestuário, cosméticos com destaque para perfumes, diz ter acompanhado vários partidos durante as campanhas, mas nunca era reconhecida para algum cargo, terminando apenas como mais uma mulher que só ajudava na mobilização de potencias eleitores.
“Fui motivada por alguém para entrar na política. Já andei por alguns partidos de destaque no nosso país, mas nunca tive nome, só andava a correr nas campanhas, mas quando entrei no PODEMOS tive uma oportunidade e fiquei muito feliz, sei que os meus irmãos de Nampula terão muito orgulho de nós e de mim, porque estarei lá para representá-los da melhor forma”, refere esta nossa interlocutora.
Para a X Legislatura da Assembleia da República, os 250 deputados serão empossados nesta segunda-feira 13 de Janeiro corrente, numa cerimónia a ser orientada pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi. (Ângela da Fonseca)