Nampula (IKWELI) – A Polícia Militar está a assegurar a campanha de vacinação contra a cólera no distrito de Mogovolas, a sul da província de Nampula, desde esta segunda-feira (6), por conta da insegurança instalada na região devido a onda de desinformação sobre a doença.
Desde a eclosão da doença das “mãos sujas” [cólera], à 18 de Outubro de 2024, naquele distrito, que técnicos de saúde, parceiros e até a imprensa têm tido dificuldades para seguir com algumas actividades naquele ponto e, por conta disso, estes foram agredidos, sendo que o único Centro de Tratamento de Cólera (CTC) foi completamente vandalizado por populares daquela região, alegando que o sector de saúde tem “espalhado” a doença.
O chefe do Departamento de Saúde Pública nos Serviços Provinciais de Nampula, Geraldino Avalinho, lembrou tratar-se de uma situação atípica, a presença dos agentes de protecção, uma vez que mesmo os líderes comunitários, com quem estão habituados a trabalhar, estão a ser “desacreditados”.
“É um aprendizado porque nós nunca implementamos uma campanha em condições adversas como esta, note que temos aqui até a presença de forças de defesa e segurança, temos a presença dos membros da Polícia da República de Moçambique, são situações atípicas, nós como sector de saúde estamos habituados a trabalhar apenas com os líderes comunitários que hoje são desacreditados, já não são ouvidos na comunidade, é por isso que tentamos buscar essas forças adicionais para garantir a segurança da equipa que vai fazer esta actividade”, explica Avalinho, referindo que naquele distrito, há zonas em que alguns jovens estão em prontidão, esperando apenas a presença da equipa de vacinadores para atacá-los, e tudo isso, gira em torno da onda de desinformação sobre a doença.
“Na ponte sobre o rio Meluli existem jovens que estão lá organizados e dizem que estão à espera da equipa de vacinadores que se atreve a atravessar o rio para aquela área, isso significa que há zonas em que nós temos que trabalhar arduamente para desmistificar e tentar buscar intensificar a mobilização para adesão a esta campanha”, precisou a fonte.
Emanuel Impissa, administrador de Mogovolas, apela a sua população para aderir em massa a campanha massiva de vacinação contra a cólera.
“É importante que nos desloquemos aos locais onde se vai vacinar, para podermos tomar a vacina que vai nos imunizar, de modo que a cólera se erradique no nosso distrito. É importante que cada um de nós seja porta-voz ao longo das comunidades, os nossos líderes religiosos e comunitários, as nossas mamãs que são vítimas, todos de um ano ao mais velho devem se dirigir a unidade sanitária ou a um outro posto para tomar a vacina”, pediu Impissa.
Com a presença dos agentes de segurança, o sector de saúde espera poder vacinar perto de 200 mil pessoas com idades superiores a um ano, em três postos administrativos considerados críticos, nomeadamente, Nametil, Nanhupo rio e Muatua.
Vale referir que até altura da suspensão das actividades naquela parcela da província de Nampula, o sector de saúde havia contabilizado 302 casos com, pelo menos, 29 óbitos sendo que 25 destes perderam a vida nas comunidades. (Ângela da Fonseca)