Nampula (IKWELI) – A Associação Amor à vida, uma organização que visa salvaguardar os direitos de pessoas com albinismo, revelou que a nível da província de Nampula, região norte de Moçambique, não houve registo de casos de rapto desse grupo social no presente ano.
As pessoas com problemas de pigmentação de pele, vulgarmente conhecidas por albinas, têm sido alvo de perseguições, sequestro e assassinatos com vista a extrair seus órgãos humanos.
O delegado da organização, Válter Amisse, disse ao Ikweli que no presente ano, prestes a findar, a associação não teve registo de sequestros, no entanto, não descarta a possibilidade de ter acontecido. “Isso não significa que os casos não estejam a acontecer, mas nós não tivemos registo, não chegaram a nós, mas temos de reconhecer que existem zonas tão recônditas e o que está a acontecer lá pode não chegar aos nossos registos, porque somos uma associação sem fins lucrativos e dependemos dos nossos parceiros para dar seguimento as nossas actividades e quando não temos uma mão estendida, temos dificuldades de chegar nessas zonas. Eu não quero arriscar em dizer que não existem casos, mas não chegaram aos nossos registos”.
Entretanto, o delegado partilhou estarem a seguir um caso ocorrido no distrito de Mecubúri, no posto administrativo de Namina, onde um dos membros foi negado o direito de obter um bilhete de identidade devido a sua condição de pigmentação. “Inclusive nós estávamos a trabalhar com as autoridades lá do distrito, mas tivemos alguns constrangimentos, porque coincidiu com a semana em que as manifestações estavam a iniciar, porém já remetemos o caso ao nível do distrito”.
A fonte partilhou ainda que a violação dos direitos humanos no seio familiar continua sendo um desafio, pois no distrito de Lalaua, uma família decidiu negar o direito a saúde a um menino que apresentava início de um tumor no rosto. “Os familiares não queriam que ele fosse tratado no Hospital Central de Nampula, por medo deste ser sequestrado, mas com os esforços entre os grupos de referência do distrito, assim como a procuradoria local, conseguimos dar seguimento e a criança teve uma cirurgia e agora está em recuperação e está a ser observado pelos serviços de saúde local”.
Para o representante da agremiação, o estigma e descriminação devem continuar a ser combatido. “Existem casos de bullying que muitas das vezes sofrem por causa da agressão moral e psicológica, falta de assistência em algumas circunstâncias como na escola e por aí vai, esses aspectos precisam ser ponderados para uma maior conscientização das pessoas”.
Importa referir que a rejeição e perseguição de pessoas com albinismo é uma prática antiga, associada a preconceitos e mitos bastante enraizados nas comunidades. (Ângela da Fonseca)
