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“Venâncio Mondlane quer continuar a ser a causa dos problemas”, afirma Dércio Alfazema

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Dércio Alfazema, analista politico

Nampula (IKWELI) – O analista político Dércio Alfazema afirma que o candidato presidencial suportado pelo PODEMOS, Venâncio Mondlane, quer continuar a ser a causa dos problemas que têm vindo a assolar o país desde o início das manifestações levadas a cabo por alguns membros e simpatizantes do partido, que reivindicam vitória nas eleições gerais de 9 de Outubro.

Tais pronunciamentos foram feitos devido a ausência de Venâncio Mondlane na mesa de diálogo que tinha sido marcado para última terça-feira (26), pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi.

Trata-se de um encontro que iria juntar os quatro candidatos a ponta vermelha, nomeadamente, Lutero Simango, Daniel Chapo, Ossufo Momade e Venâncio Mondlane, respectivamente, com o objectivo único de discutir o actual cenário que tem gerado momentos de tensão no país, após o anúncio de resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que dão vitória a Frelimo e ao seu candidato.

Entretanto, fizeram-se presentes no encontro apenas Lutero Simango, do Movimento democrático de Moçambique (MDM), Daniel Francisco Chapo da Frelimo e Ossufo Momade do partido Renamo.

Em entrevista ao Ikweli, Alfazema considera que a ausência de Mondlane revela uma autêntica falta de interesse, assim como oportunidade desperdiçada em encontrar uma solução rápida para o fim da crise eleitoral. “Isso mostra que ele quer continuar a ser a causa do problema, enquanto nós estamos interessados em encontrar uma solução. Ele está como um autor intra-exigente, não quer conversar com os outros, não mostra o mínimo de interesse para isso e vai se aproveitando desta situação toda para continuar a criar caos”, disse.

Mondlane não se fez presente ao local do encontro, mas esteve ao vivo na plataforma Facebook para justificar a sua ausência, convocar e anunciar novas medidas para os próximos três dias, as quais iniciaram esta quarta-feira (27). As medidas, em questão, indicam que os cidadãos moçambicanos devem estacionar os seus veículos nas vias durante as 8h de trabalho, ou seja, dos 08h às 15h30.

Para o analista, a atitude do candidato poderá criar um caos económico e social, visto que se tratam de medidas que, segundo ele, poderão aumentar ainda mais o custo de vida para os cidadãos. “Após essa tentativa de aproximação estamos a assistir essas situações todas, apenas está a demonstrar que não há um interesse em se encontrar uma via para se ultrapassar esse problema. Essas medidas não tem o mínimo de razoabilidade e demostram que não resultam de uma estratégia clara e são medidas que se estamos a discutir questões de emprego e custo de vida, essas medidas só poderão aumentar ainda mais a precariedade”.

Por outro lado, o activista social Ornélio Sousa, diz que não houve indisponibilidade do candidato em fazer parte da reunião, entretanto sugeriu que o encontro fosse feito com uma agenda à mesa, “nisso colocou uma proposta com 20 pontos essenciais daquilo que ele julgava pertinente para ser discutido, mas que não foram levados em conta”.

Sousa acredita haver revolta por parte dos cidadãos pelo facto de as eleições não terem sido justas e transparentes, por isso, avança que os moçambicanos estão apenas em busca da verdade eleitoral. “Um governo sensato, o que devera fazer é responder aquilo que é necessário para que se mantenha o Estado de paz, equilíbrio, justiça social entre outros”.

Enquanto isso, no encontro com os candidatos presentes, Lutero Simango e Ossufo Momade exigiram do presidente que se faça algo por forma a fazer com que Venâncio Mondlane esteja no país com segurança.

Contudo, o Presidente da República, Filipe Nyusi, garantiu que serão empreendidos esforços com vista a alcançar a estabilidade social e económica no país e prometeu ainda uma nova reunião, mas não anunciou a data.

Já na sua página no Facebook, Mondlane justificou a sua ausência pelo facto de não ter recebido resposta sobre os pontos de agenda por si previamente apresentados. “O Presidente da República não tem nenhuma vontade genuína de haver um debate sério, um diálogo sério para se resolver o problema da crise pós-eleitoral que Moçambique está vivendo”.

Importa lembrar que aquando do convite formulado pelo Presidente da República na última semana, Venâncio Mondlane teria aceitado o chamamento, entretanto exigiu que se garantisse sua segurança política e jurídica. (Ângela da Fonseca)