Nampula (Ikweli)-Os partidos da oposição nomeadamente Renamo, Podemos e MDM, entendem que não é o poder que está em “jogo” mas a “verdade” eleitoral que os faz manifestar pelo país. Estes pronunciamentos são feitos em reacção as declarações do membro sénior da FRELIMO Filipe Paúnde, que na recente visita a alguns pontos de Nampula no passado dia 30 de Outubro para agradecer os membros e simpatizantes pela eleição do candidato Daniel Francisco Chapo.
Lembrar que nas suas palavras, o membro da comissão política da Frelimo, Paúnde além de repudiar as manifestações violentas, disse que o seu partido estaria disposto a dialogar, mas não a NEGOCIAR O PODER. Tal abertura, não caiu bem nos ouvidos dos opositores que entendem que a declaração suou como alegada confirmação do autoritarismo do regime do dia.
Por isso, em entrevista ao Ikweli, os partidos políticos foram unânimes ao afirmar que as manifestações são em favor da falta de verdade eleitoral e que o poder, ao qual a Frelimo recusa-se a negociar reside no povo e não nas formações políticas.
José Ali, Delegado distrital do Podemos em Nampula, defende que o diálogo que se refere é no sentido de repor a “verdade eleitoral” “Como partido PODEMOS, não estamos para negociar com partidos. Nós dialogamos com toda a camada social, sejam organizações políticas, partidárias, seja sociedade civil. Nós não estamos nessa guerra para negociar o poder, estamos lá porque a constituição rege isso, o poder está no povo, não é um partido que vai negociar o poder. Então, nós não vimos isso de bons olhos,” disse.
Ademais, aquele político criticou o discurso amplamente difundido no círculo dos camaradas que colocam o batuque e a massaroca como “Salvador” de Moçambique, reiterando que a libertação Nacional e outros ganhos da paz são fruto de toda uma nação “Até no nível em que está, somos todos nós, não foi só o partido Frelimo, todos lutamos, independentemente da linha da frente, independentemente de usar a caneta. Nós não podemos ficar reféns a um único partido”, concluiu.
Para Lopes Muatamuro, Delegado Provincial do MDM em Nampula, seria de salutar um encontro entre os partidos da oposição e o partido no poder “Assim ele quer dialogar o quê? Na visão dele, isso é só um discurso, primeiro ponto. E dois, ele não podia dizer que estaria disposto a negociar com o partido. O que devia ter dito é convidar os partidos e colocar as ideias. Agora, quem está a reivindicar o poder? Os partidos não estão a reivindicar o poder. Os partidos estão a reivindicar a reposição dos resultados eleitorais. Então, ele é que está agarrado ao poder, essa é a visão dele”, referiu.
Quem também compartilhou o mesmo pensamento foi Marcial Macome, Porta-voz Nacional da RENAMO, que entende que se há alguém com quem negociar o poder, seria o povo “A Frelimo está disposta a dialogar, mas não a negociar o poder. Não é para negociar o poder, se a Frelimo tem alguém para negociar o poder, esse alguém é o povo. O que os partidos políticos poderão fazer, como a RENAMO, é dar voz a opinião do povo. Se essa é a ideia do Paúnde, de negociar o poder, que vá negociar com o povo, o verdadeiro dono do poder. (José Luís Simão)