Nampula (IKWELI) – O Secretário do Estado na província Nampula, Jaime Bessa Neto, insta aos agentes económicos e jovens em geral a não paralisarem as suas actividades por conta da manifestação convocada para esta quinta-feira (24) e sexta-feira (25), justificando que a interrupção da mesma poderá prejudicar o “ganha pão” de muitas famílias.
A exortação foi feita nesta quarta-feira (23) durante um encontro que manteve com a classe empresarial da província, nomeadamente a CTA, Associação dos Transportadores Rodoviários de Nampula (ASTRA), Associação dos Voluntários e Orientação dos Moto-taxistas de Nampula (AVOTANA), líderes religiosos, comunitários assim como movimentos associativos de jovens.
No entanto, “Vamos trabalhar” foi uma das recomendações deixadas por Neto, a todos os actores chaves como operadores de “chapa-100”, táxi de mota, vendedores entre outros, no sentido de não se deixarem levar pelas ondas de “desordem” movimentadas por Venâncio Mondlane.
“Estamos a pedir que todos os actores presentes neste local, trabalhem por forma a sensibilizar as pessoas a não aderirem nestas manifestações, vamos dizer não as manifestações e vamos trabalhar, mostrando a nossa determinação para continuarmos a fazer crescer a nossa economia”.
Contudo, o estadista afirmou que o Estado se compromete em alocar agentes da Polícia da República de Moçambique para garantir segurança dos cidadãos, estabelecimentos e tudo aquilo que merecer de alguma protecção.
“A Polícia da República, tal como no dia 21, vai continuar determinada a trabalhar para a protecção da integridade dos nossos concidadãos aqui na nossa província, estará posicionada em locais estratégicos para evitar qualquer manifestação que perturbe a ordem e tranquilidade púbica na nossa cidade e província”, garantiu.
Na sua locução, sem avançar dados, Neto começou por destacar os prejuízos que a província teve na última segunda-feira (21), primeiro dia da manifestação nacional, pelo facto de muitos comerciantes não terem aberto seus estabelecimentos. Tendo realçado que mais duas interrupções das actividades poderá fazer com que o país colapse.
“A paralisação do dia 21 criou consequências não só para os empresários, mas também para a população no geral, mais dois dias vai ser um caos, mais outros dias que se aventam vai ser pior, num país que todos os dias lutamos para que cresça e estamos a impedir que outros moçambicanos trabalhem para este crescimento”.
Jaime Neto apelou a comunidade, em especial aos jovens, a não se deixarem levar por aquele que chamou de mal-intencionado, visto que a manifestação convocada não dispõe de argumentos plausíveis.
“Um individuo aparecer e dizer ninguém trabalha, vamos comer o quê? Não temos dinheiro para comprar comida e fazer reservas dentro das nossas casas, por isso digo, há explicações suficientes para que a nossa juventude não adira a essas convocações, por favor vamos pensar em Moçambique, vamos pensar na nossa província”, anotou.
No entanto, a fonte desencoraja o uso da morte de Elvino Dias e Paulo Guambe para instrumentalizar os moçambicanos, assim como incitar violência no país.
O Presidente do Conselho Empresarial de Nampula, Yunuss Gafar, referiu que os vendedores de pequenos negócios, conhecidos como informais foram os mais afectados pela paralisação do dia 21, considerando que estes dependem apenas dessa actividade para sustentar sua família.
“Foram prejuízos incalculáveis, nós estamos numa sociedade onde toda gente vive do dia-a-dia, e esse dia-a-dia foi muito malsucedido e esperamos dos apelos que foram feitos para os próximos passos não aconteça mais esse tipo de paralisação. Queremos tirar da mente essa crise, porque essa crise deixou a nossa mente desgastada. Apelo toda a sociedade para que sejamos pela paz”, sublinhou.
Ahmed Baha, empresário presente no local, interveio na reunião para pedir ao Estado o garante da segurança prévia aos seus trabalhadores, assim como transportes para a mobilidade dos mesmos para o local de trabalho e regresso a casa.
“Queremos que o Estado nos garanta que o caminho estará livre, com transporte para os trabalhadores chegarem no seu trabalho a hora que eles quiserem e nós, empresários dos mercados, seja onde for, queremos ter garantia que ninguém virá nos agredir, não estamos a favor de greve nem hoje e nem amanhã”, disse.
Já os líderes religiosos pedem que o governo mobilize uma sentada urgente entre os religiosos e o candidato Venâncio Mondlane, pois entendem que só assim poderão trazer o homem a razão.
Juma Amade, por exemplo, defende que haja um encontro entre os líderes da oposição e o partido no poder para que se encontrem soluções que culminem com a paz.
O Bispo e presidente da União da Igrejas Pentecostais de Moçambique, Celestino Cariaco, acrescenta que deve haver uma concertação a nível central, onde em cada província possa se indicar dois líderes, um da religião muçulmana e a outra cristã para que sejam mediadores entre o governo e Venâncio Mondlane por forma a que o país saia desse “problema”. (Ângela Fonseca)