Nampula (Ikweli)- A cerimônia do Dia da Paz em Nampula começou com a tradicional deposição de flores, em homenagem às vítimas dos conflitos no país. O evento reuniu líderes religiosos e políticos que enfatizaram a importância da paz, enquanto recfletiam sobre os desafios que ainda persistem, especialmente na província de Cabo Delgado, marcada pelo terrorismo há sete anos.
O Sheikh Abdulmagid Antônio, Delegado Provincial do Conselho Islâmico de Moçambique, destacou que a paz deve ser construída com o envolvimento de toda a sociedade.
“A paz não pode ser responsabilidade apenas dos políticos. Todos os setores da sociedade devem estar envolvidos”, afirmou, reforçando a importância de uma participação ampla para que a paz seja mantida.
Isilda Ernesto, professora da Escola Primária Básica Cossore, expressou uma visão mais crítica, lembrando que, para muitos moçambicanos, a paz ainda é apenas um sonho distante.
“Embora estejamos a celebrar o Dia da Paz, muitos em Cabo Delgado continuam a perder vidas e a fugir da guerra. Não sabemos quando isso vai acabar”, lamentou, trazendo à tona a difícil situação dos deslocados na região.
Madaia Abudo, representante da Comunidade de Sant’ Egídio, enfatizou a necessidade de se manter o diálogo para proteger o que foi conquistado com o Acordo de Paz. “O 4 de outubro simboliza anos de negociação e sacrifício. Mesmo enfrentando desafios como o terrorismo em Cabo Delgado, é nosso dever continuar a cultivar a paz”, disse ela.
A administradora do distrito de Nampula, Irene Mário Mega, destacou o impacto direto do conflito em Cabo Delgado na província, que já acolheu mais de 10 mil deslocados. “O conflito continua a ser uma preocupação, porque atualmente Nampula conta com pelo menos 10.862 descolados “, afirmou.
Ao encerrar o evento, o Secretário do Estado, Jaime Augusto Neto, fez um forte apelo à unidade nacional e ao diálogo como ferramentas para a manutenção da paz. “A paz que celebramos hoje é o alicerce para uma sociedade mais justa e inclusiva. Precisamos garantir que ela seja mantida não apenas pela ausência de armas, mas pela promoção da justiça social e do diálogo”, afirmou Neto, pedindo que os grupos armados em Cabo Delgado “se rendam à paz que o país tanto precisa”.
Embora o evento tenha sido uma celebração da paz, a ausência de líderes de alguns partidos políticos foi notada por parte dos presentes, que expressaram o desejo de ver uma maior união entre as forças políticas do país pela causa da paz. Para eles, a paz é uma responsabilidade de todos, não apenas de um partido ( Ruth Lemax e Virgínia Emília)