Namicopo: Há mais de um ano que água da rede pública não jorra em 16 de Junho B

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Nampula (IKWELI) – Os moradores da zona residencial 16 de Junho B, no bairro de Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula, dizem que há mais de um ano que água potável da rede pública fornecida pela Águas da Região Norte (AdRN) não jorra nas suas torneiras.

Esta situação faz com que aqueles moradores percorram, no mínimo, quatro quilómetros para ter acesso ao precioso líquido.

Eulália Adriano, moradora do bairro há 15 anos, descreve o desespero da comunidade, referindo que “estamos há um ano sem água nas torneiras. Para conseguir água potável, temos que sair à 1 hora da madrugada e caminhar 4 quilômetros até as bombas. As filas começam cedo, e ainda corremos o risco de sermos atacados”.

Os moradores contam que as madrugadas no bairro tornaram-se mais perigosas, a violência, sobretudo contra mulheres que saem em busca de água, é crescente. Um dos exemplos é Maria José que conta que terá sido tacada na semana passada, quando tentava chegar à bomba comunitária. “Acordei por volta da 1 hora de madrugada para buscar água. Minha vizinha disse que me encontraria lá, ao atravessar o riacho, fui surpreendida por três homens que pareciam bêbados, me agrediram, roubaram os meus baldes e os 20 meticais que tinha para pagar a água”, contou Maria, ainda abalada. “Agora, toda vez que saio de casa para pegar água, fico com medo. Não sabemos quem será a próxima vítima”.

A violência tornou-se uma constante na região, com vários relatos de agressões semelhantes. “Aqui já não basta a seca nas torneiras, agora a violência virou rotina. Tenho que acompanhar minhas filhas quando saem de casa, mas nem sempre é seguro”, diz José Mateus, outro morador.

A necessidade de sair de madrugada não é uma escolha, mas uma imposição. Com a escassez de água nas bombas e a alta demanda, quem não chega cedo corre o risco de voltar para casa sem nada.

Joaquim Ernesto, outro morador, explica que “não é uma questão de querer ou não. Se não formos de madrugada, simplesmente ficamos sem água. Não temos escolha”.

Margarida Jone, residente no bairro há mais de 20 anos, também expressa seu descontentamento com a situação. “Já vimos gente brigar na fila por causa de baldes. As crianças perdem dias de escola porque temos que passar horas procurando água. É uma humilhação para nós, estamos vivendo como se não fôssemos parte da cidade”, desabafa.

A população de 16 de Junho B enfrenta problemas que vão além da saúde e saneamento. As promessas feitas pelas autoridades locais não se concretizaram. “O governo fala que vai resolver, mas não vemos solução. Continuamos a caminhar longas distâncias para conseguir o mínimo de água para sobreviver,” comenta Rosa Manuel, residente do bairro.

A crise de abastecimento de água, em bairros periféricos como Namicopo reflete um problema estrutural de gestão. “No centro da cidade, vemos água a jorrar pelas ruas, enquanto aqui morremos de sede. Não é justo, somos esquecidos pelas autoridades”, critica Raúl Vicente, morador local.

A situação no bairro é desesperadora e exige uma ação urgente por parte das autoridades. A comunidade já não pode mais esperar por promessas não cumpridas, precisa de soluções rápidas e eficazes para garantir seu direito básico à água e à segurança. “Estamos cansados de promessas vazias. Queremos ação de verdade, precisamos viver com dignidade”, conclui Joaquim Ernesto. (Ruth Lemax)

 

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