Nampula (IKWELI) – Organizações da sociedade civil reuniram-se na semana passada com partidos políticos, que concorrem para as eleições na província de Nampula, para exigir inclusão das preocupações relacionadas à saúde nos manifestos eleitorais para o quinquênio 2025-2029.
Dos aspectos exigidos pelos utentes, destaca-se a instalação de uma rede de água potável nas unidades sanitárias, disponibilização de insumos, medicamentos essenciais, ampliação de infraestruturas, eliminação de cobranças ilícitas nas maternidades, instalação de rede eléctrica eficiente, ambulâncias, entre outros.
As exigências foram feitas por um total de 1017 utentes dos quais 753 mulheres e 264 homens de 14 umidades sanitárias de nove distritos do maior círculo eleitoral do país, nomeadamente, Nampula, Angoche, Moma, Monapo, Nacala à Velha, Mossuril, Nacala Porto, Mecubúri e Malema, identificaram para serem resolvidos no período de 2025 e 2029 pelo governo a ser formado após às eleições de 09 de Outubro.
De acordo com a Plataforma da Sociedade Civil para Saúde de Moçambique (PLASOC), tais pontos têm em vista melhorar o atendimento e acesso aos serviços de saúde da população. Para o efeito, foi submetido aos principais cabeças de lista das eleições presidenciais, legislativas para as assembleias e governadores províncias.
Atija Magalhães, uma das utentes, explicou que o seu desejo é que os partidos políticos incluíssem como prioridade nos seus manifestos, a questão de melhoria das unidades sanitárias por forma a que as mulheres possam ter atendimento em locais condignos.
“Peço aquele que vai ser eleito a fazer o máximo possível para ajudar as nossas mães, elas apresentaram muitas preocupações como cobranças nas maternidades e falta de água, ou seja, o novo governo deve resolver esses problemas”.
Lucília João, do distrito de Monapo, também utente, revelou ao Ikweli que algumas unidades sanitárias daquele distrito não dispõem de cama nas maternidades por forma a que as mulheres possam ter os seus bebés de forma segura, mas também queixou-se da fragilidade de algumas vias para chegar a um posto médico, o que contribui para que as parturientes tenham partos fora dos hospitais. “O novo governo deve olhar para esse aspecto, nós estamos a passar mal, seria muito bom ver esses problemas resolvidos, por falta de cama nas unidades sanitárias algumas mulheres chegam a nascer seus bebés no chão e isso é muito perigoso”.
Madalena Paulo, do distrito de Angoche, disse que na sua comunidade algumas mulheres são obrigadas a levar água de casa para às maternidades. “As nossas mães quando nascem, sofrem muito, as famílias devem tirar água para as mulheres grávidas tomarem banho, não há energia, recorremos a lanterna de telefone para iluminar nas maternidades. Estamos a pedir ajuda, pedimos que quem for a ganhar olhe por nós”.
Por sua vez, o representante provincial da PLASOC, Leopoldino Lubrino, explicou que a organização trabalha com diferentes ramos e a temática de saúde, também, tem sido contemplada em seus trabalhos. Foi nesse sentido, que mediante as barreiras que as unidades sanitárias apresentam no âmbito do atendimento do utente, principalmente no que concerne às mulheres grávidas e lactantes, foram colhidas sensibilidades para que fossem incluídas nos manifestos dos partidos políticos e no programa de governação com vista a melhorar o cenário.
“Os partidos políticos já tinham recebido as oito prioridades para que pudessem anexar nos manifestos. O debate foi muito aceso entre os partidos, mas também as comunidades fizeram perguntas de insistência para perceber como é que os problemas serão resolvidos e onde vão levar o financiamento, caso um deles ganhe nessas eleições”.
No entender daquele representante, encontros do género devem ser frequentes por forma a manter as comunidades mais próximas do novo governo.
“Não só para o âmbito de eleições, mas também para prestação de contas, porque o governo é o garante de tudo que acontece na comunidade e nas unidades sanitárias. Nós notamos que há muitas dificuldades para o governo resolver os problemas das unidades sanitárias, desde as infraestruturas, laboratórios e medicamentos. Assinou-se a declaração de compromisso e os partidos vão agora falar para cada distrito aquilo que ouviram para que a comunidade perceba que afinal está tudo comunicado em relação às suas preocupações”.
Partidos acolhem as preocupações
Os representantes dos partidos políticos presentes no encontro prometeram dar seguimento as propostas submetidas pelos utentes, através de organizações da sociedade civil, por forma a melhorar o acesso a saúde sobretudo das mulheres nas comunidades.
O cabeça-de-lista ao cargo de governador de Nampula pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Dias Coutinho, promete trazer justiça social e boa-governação para garantir o respeito pela vida e dignidade humana, caso Venâncio Mondlane, seja eleito presidente da República no dia 09 de Outubro próximo.
“Nós iremos responder, porque fazemos parte da sociedade e fazendo parte deste país conhecemos os problemas e pretendemos transformá-los em desafio, traçamos algumas estratégias, já temos acções específicas e essas estratégias tem em vista minimizar os problemas que as pessoas enfrentam nas comunidades, como é o caso de cobranças ilícitas nas maternidades e a sociedade moçambicana no seu todo se ressente desses problemas”, disse.
Já o cabeça-de-lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), padre Fernão Magalhães, disse que urge a necessidade de diminuir a dependência externa, explicando que caso vença as eleições, o seu partido pretende construir uma fábrica de medicamentos na província de Nampula por forma a mitigar tal cenário.
“Temos cabeças e capacidades humanas para desenvolvermos essa actividade e nós queremos mitigar esse problema. Vamos resolver com ofertas de mais equipamentos, estamos a falar de máquinas, mais camas condignas para as nossas mulheres nas maternidades, isso faz parte da agenda do MDM e havemos de resolver. Nós somos solidários às preocupações que foram apresentadas”.
Enquanto isso, a cabeça-de-lista do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), garantiu alocar ambulâncias nos centros de saúde por forma que as mulheres não percorram longas distâncias para chegar a unidade sanitária.
“PAHUMO, se ganhar, vamos fazer meios possíveis para melhorar as unidades sanitárias, vamos abrir furos de água e tijolos para construção de mais escolas, muitas crianças ficam de baixo das mangueiras, uma província como esta com muitos recursos não faz sentido termos as nossas crianças sentadas no chão”. (Ângela da Fonseca)