Nampula (IKWELI) – Um formador do Instituto Industrial e Comercial de Nampula, também chamado por 3 de Fevereiro, fez campanha eleitoral a favor da Frelimo e gerou revolta dos formandos.
O facto deu-se na segunda-feira (09), durante a concentração rotineira.
Parecia mais uma concentração normal, mas que de normal nada tinha. Num vídeo posto a circular nas redes sociais foi possível visualizar um formador, identificado por César, que lecciona a disciplina de Inglês, e um ex-formando daquela instituição e beneficiário de fundos da Secretaria do Estado da Juventude e Emprego, implementados nos anos 2018 e 2021, onde amealhou 1.5 milhões de meticais, ambos ostentando bonés com emblema e cores do partido Frelimo.
Dado a palavra, o ex-formando começou a falar das oportunidades de financiamento de projectos juvenis e em seguida influenciou os presentes, no caso concreto os alunos, a votarem na FRELIMO para a continuação de implementação de projectos de género.
“Estamos aqui a fazer trabalhos, exercícios e não estão a levar a sério…lançou-se um projecto em 2022, com Mety Gondola, na altura Secretário de Estado, para enquadrar os jovens nas actividades, há Jovens que não têm sonho de serem empregados, mas sim empregadores… e eu sou um dos beneficiários dessa oportunidade. Alguns colegas reclamavam dizendo que aquilo já tem dono, mas na realidade não era assim, eu também fiz o meu projecto, fui concorrer durante dois anos e tivemos um prémio de um milhão e meio, um prémio não reembolsável, quem não gostaria…então quando dizem vamos elaborar projecto não pensem que só é uma aula simples, levem a sério, ganha-se muito dinheiro, não levem de ânimo leve, há muitos financiadores que estão a financiar jovens”, disse, fazendo entender que isso foi graças a FRELIMO.
Entretanto, os ânimos exaltaram-se quando este convidou os formandos a votar a favor da Frelimo, após dizer “sem levar muito tempo, vínhamos aqui pedir à todos os jovens que completaram ou que vão completar 18 anos, até no dia 9 de Outubro deste ano, para votarem na Frelimo”, e a rebelião se instalou contra o orador que tentou amainar os ânimos, “é um pedido”, e rebateu outra vez “colegas, eu estou a fazer um pedido, jovem como vocês”, enquanto o formador de inglês filmava a cena.
“É um pedido, nós estamos a pedir, não estão a obrigar a ninguém”, e continuou seus apelos que “já estão na política, todos que estão aqui, o ensino técnico-profissional que estamos a usar é fruto de uma política, quem governa é um partido que ganha e traça programas de ensino técnico, ninguém inventou, é um partido que hoje fez o manifesto e amanhã vai se traduzir em programa…todos partidos políticos passam por aí, falam o que falam…não falam? Não dizem ensino técnico, mas nós outros já estamos a implementar o ensino técnico Profissional…agora se não aproveitam…vocês não estudam, acham que a Frelimo vai deixar passar só?”.
E, uma voz feminina interrompe, questionando ao formador e os critérios de avaliação e demais práticas naquela instituição. “Devem mudar os critérios aqui no instituto, nós queremos mudar, nós podemos… 49 anos a nos enganar, estão a nos enganar, sempre prometem e prometem…” e a troca de palavras instalou-se: “E tu queres mudança? E o que você está a fazer agora?” respondeu o formador. E a comunicação ficou turva, num cenário de troca de palavras.
A nossa equipa de reportagem entrou em contacto com a direcção da instituição, mas o director, mostrou-se indisponível, prometendo pronunciar-se oportunamente.
Importa recordar que esta situação viola o previsto na alínea d), do artigo número 25, da lei eleitoral 8/2013 de 27 de Fevereiro, que aprova o quadro jurídico para eleição do presidente da República e deputados da Assembleia da República que estabelece que “é interdito o exercício de propaganda política em instituições de ensino, durante o período de aulas”. (José Simão Luís)