Nampula (IKWELI) – A organização não-governamental defensora dos direitos da comunidade em matérias ambientais, Livaningo, em colaboração com a plataforma Nacional das Organizações da Sociedade Civil sobre mudanças climáticas (PNOSMC), convida aos académicos a discutir de forma profunda as acções de prevenção e mitigação das mudanças climáticas na província mais populosa do país, numa altura em que se descreve a situação como estando a piorar a cada dia que passa.
O apelo foi expresso durante uma conferência, na quarta-feira (4), na cidade de Nampula, que reuniu vários especialistas, cujo teor era a necessidade de alinhar as pesquisas académicas com as necessidades locais e a importância de políticas eficazes para enfrentar os desafios climáticos em Moçambique.
Outrossim, Miguel Ali, professor e especialista em mudanças climáticas, enfatizou que a falta de fundos tem sido, um dos grandes impedimentos para realização de várias pesquisas que envolvem mudanças climáticas.
“A questão de mudanças climáticas trabalha-se com evidências, e se tu não tens evidências, não tens como ter políticas publicas ligadas a mudanças climáticas. Para realizar qualquer pesquisa são necessários laboratórios, tudo isso evolve uma logística que, de certa forma, se não tens financiamento para trabalhar na questão da data climática, a questão fica difícil e a proposta que se traz é o fundo de captação do carbono a nível mundial e para ter fundo é uma burocracia entanto”, disse.
Este académico afirma que o estágio de Nampula, em termos da mitigação de mudanças climáticas, está num nível catastrófico. “O estágio em Nampula, de forma superficial, é péssimo, porque se olharmos para cidade, para os edifícios, olhar para os projectos que estão a ser implantados, isso nos faz perceber que o estágio de mudanças climáticas está péssimo, como resposta de termos um cenário péssimo estamos a ver ciclones pois ciclones, isso mostra que o cenário é catastrófico”.
Eliza Bela, dos Serviços Provinciais do Ambiente, abordou os desafios enfrentados pelas instituições locais, apontando que a falta de dinheiro tem sido grande obstáculo para implementar os projectos. “A crise financeira exacerbada pela pandemia e a burocracia são grandes obstáculos para a implementação eficaz dos projectos. É crucial haver uma colaboração mais estreita entre cientistas e comunidades locais, para garantir que as iniciativas atendam às reais necessidades da população”.
Por outro lado, Manuel Mutoa, representante da Haiyu Mozambique Mining, apresentou um projecto em Angoche com o objectivo de restaurar áreas afectadas pela mineração. “O projecto inclui a plantação de culturas locais e espécies exóticas para estabilizar o solo e reverter os danos causados pela mineração. A ideia é recuperar as áreas degradadas e promover práticas ambientais sustentáveis”, explicou. (Ruth Lemax)