Nampula (IKWELI) – Pescadores das províncias de Nampula e Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vivem um dilema curioso, enquanto uns queixam-se da escassez do pescado, outros dizem não ter material para a prática da actividade piscatória.
O Ikweli traz relatos de pescadores da cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, e da vila de Larde, em Nampula.
Na cidade de Pemba, os pescadores dizem que o peixe sumiu, por isso mesmo com o material que têm não conseguem ter bons resultados da faina.
“O peixe não existe devido a concorrência de muitas pessoas”, comenta o pescador António Bacar, da cidade de Pemba, que diz que muitas vezes são obrigados a ir milhas distantes da costa para conseguir alguma coisa.
Esta fonte recorda-se que “antes de o peixe se desenvolver é capturado, então este é um dos motivos que faz com que não tenhamos o peixe ao longo da nossa costa e estamos preocupados”.
Juma é um outro pescador que recomenda que “é preciso haver fiscalização constante, não temos o peixe no mar e porque temos aqui pescadores que a qualquer altura estão no mar a procura do peixe que ainda não está desenvolvido”.
Este nosso interlocutor anota que os recursos marinhos passaram a ter maior pressão com a situação de deslocados internos, sobretudo porque parte significante das famílias é oriunda da zona costeira e com prática na pesca.
Capitão há 10 anos, o senhor Saíde Suhalane diz que tem sido procurado por muitos jovens, até mulheres idosas para apoiá-los na captura do peixe.
E no distrito de Larde, a sul da província de Nampula, os pescadores dizem haver disponibilidade de pescado, mas não dispõem de meios para a sua captura.
“Temos muitos peixes no rio mas não temos o material, sobretudo embarcações que funcionem a motor, esta situação é uma preocupação para todos nós que realizamos actividade pesqueira, não temos o apoio do nosso governo, digo isso porque nunca beneficiamos do material usado para o processo de pesca em nosso distrito de Larde e tal como o distrito vizinho de Moma”, comenta o pescador Bruahimo João.
Lázaro Mussa, outro pescador, comenta que “a falta de uma embarcação a motor faz-nos usar o bambú que serve como manejo das nossas embarcações sem condições”, reconhecendo que esta situação traz consigo consequências nefastas, como é o caso de naufrágios.
“Como pecador, a nossa felicidade seria beneficiar de meios para termos o peixe em quantidade, quer para o consumo quer para venda, também esta preocupação colocamos para o nosso governo localmente e mesmo assim não temos nenhuma resposta satisfatória, contudo continuaremos a pedir as autoridades, tanto governamentais e assim como a sociedade civil, a olhar para as nossas preocupações e tragam soluções”, disse Gabriel Saíde, outro pescador de Larde.
Manuel Amurane acredita que “o apoio do governo aos pescadores de Larde, trataria o desenvolvimento, porque o peixe é muito requisitado e consumido pela população a nível de toda a província de Nampula”. (Nelsa Momade)