Nampula (IKWELI) – O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), em Nampula, deteve 4 indivíduos flagrados na posse de ossadas humanas, que supõe-se que sejam de uma adolescente com problemas de pigmentação da pele, recentemente assassinada quando regressava da igreja no distrito de Ribaué.
Segundo a porta-voz do SERNIC em Nampula, Enina Tsinine, os indivíduos foram encontrados na residência de um dos comparticipante do crime, onde traçavam planos para a comercialização das ossadas a um cliente ainda por se identificar.
Tsinine avançou ainda que se o SERNIC não tivesse abortado a empreitada criminal, estes pretendiam encaixar mais de um milhão de meticais.
“Nós tivemos um caso de uma cidadã com problemas de pigmentação da pele que teria sido sequestrada, enquanto voltava da igreja e até então não foi localizada. Nos trabalhos de investigação tivemos informações de quatro indivíduos a comercializar ossadas humanas e quando fizemos abordagem, teriam assumido que as trouxeram do distrito de Ribáuè. Investigações em curso ainda não nos fizeram apurar se os ossos em causa pertencem a cidadã ou não, iremos continuar a buscar elementos com a detenção de um outro individuo que se encontra foragido”.
Enina Tsinine sublinhou que os indiciados vendiam cada ossada humana ao valor de 80.000.00 Mt (oitenta mil meticais).
Esta porta-voz fez saber ainda que os distritos de Ribaué e Murrupula lideram em termos de violação de túmulos e desrespeito aos mortos, mas “neste ano é o primeiro caso, mas já tivemos vários casos em que foram violados túmulos no distrito de Murrupula, então ainda estamos a trabalhar. Mas no caso de violação de túmulos de pessoas com pigmentação de pele é o primeiro caso, os outros estão relacionados a mortes por enforcamento”.
Entretanto, e apesar das certezas do SERNIC, os indivíduos, com lágrimas negam o seu envolvimento no cometimento deste crime hediondo.
“Eu sou vendedor de tomate, tiro de Ribaué para vender no mercado grossista do Waresta. Nesse dia em que me pegaram, me encontraram parado na estrada e quando veio esse senhor que está aqui detido falou comigo e perguntou sobre novidades. Foi quando veio um carro e depois levaram-me. Estou a falar sério, não sei nada sobre esse assunto, juro em nome de Deus”, disse um dos indiciados.
Quem, também, negou qualquer culpa no crime, foi o proprietário da residência que argumentou que “sempre que eles vinham vender tomate ligavam-me dizendo que estão a vir, estavam no carro, uma vez que somos conterrâneos. Dessa vez foi as 17 horas e me ligaram dizendo que estavam a trazer tomate porque queriam se hospedar na minha casa. Eu disse a eles que a minha casa é longe e orientei-os dormir na minha obra perto do mercado Waresta. Foram lá dormir e quanto foram recolhidos, ligaram-me dizendo que houve troca de tiros, foram procurar-me e por isso estou aqui”, concluiu. (Malito João)