Nampula (IKWELI) – A denúncia de casos de violência doméstica em que homens são as vítimas continuam sendo um tabu na cidade de Nampula, a maioria sofre calada, sob pretexto de terem serem menos valorados na sociedade.
O Ikweli conversou com 3 homens que foram violentados pelas suas parceiras, mas não denunciaram, por vergonha, estas situações. Mesmo nas entrevistas, estas vítimas pediram para que as suas identidades não fossem reveladas, por isso optaram por nomes fictícios.
“Fui vítima de violência doméstica”, afirma João, que vive na cidade de Nampula, anotando que algumas das formas de violência têm sido psicológicas e verbais. “Já ouvi várias palavras de insulto que, realmente, mexeram com o fundo do meu coração, as palavras que a minha mulher profere, todo homem sente-se mal que pode contribuir para a morte”.
Esta nossa fonte diz ainda que “nunca levei o caso de violência para as autoridades, estou a tratar o problema internamente”, pois “quando são homens a denunciarem qualquer caso de violação, as autoridades desencorajam-nos por, alegadamente, vários motivos e por isso muitos homens sofrem calados. Passar pela violência é triste, há necessidade de as mulheres terem a consciência sobre as suas práticas de convivência nos lares para que os vários tipos de violência não venham a ser repetitivos, é importante saber que todos os homens são sujeitos a qualquer tipo de falhas e vivemos pelo perdão, não a violência”.
Outra justificação desta nossa fonte não denunciar a violência que sofre é “por causa do amor que sinto pela minha esposa e outros factores, como sofrer represálias por parte da família dela”.
Jorge, também, já foi vítima de violência doméstica, mas não denunciou, porque imaginou que fosse reduzir a sua masculinidade.
“O que se nota é que quando são casos envolvendo as mulheres há uma espécie de favoritismo”, disse, anotando que seja por isso que nunca quis denunciar a sua esposa.
Um outro nosso entrevistado que já foi violentado pela sua esposa apela para que as autoridades não dissuadam estas vítimas a submeterem queixas, pois entende que seja fundamental ultrapassar os traumas causados com a punição das prevaricadoras.
“Estes mitos e tabus devem ser quebrados e entender que a violência é um crime, também preocupa-nos hoje em dia quando o homem vai meter a queixa por práticasda sua esposa o modelo de tratamento é estranho”.
Ércio Lopes, que é activista de direitos humanos, comenta que “temos uma grande luta sobre os aspectos culturais e, como se sabe, desde há muito tempo foi orientado o homem a ser uma pessoa muito forte e não pode demonstrar a sua fraqueza perante as pessoas, mesmo que seja vítima de violência física, doméstica e até psicológica”.
Nua maioria, segundo esta fonte, “os homens têm sido vítimas de violência psicológica”, por isso que as autoridades da justiça devem ser inclusivas quando promovem campanhas de sensibilização para o combate a este mal. (Nelsa Momade)