Nampula (IKWELI) – O Ferroviário de Nampula conquistou no último domingo (30 de Junho) a Taça de Moçambique da presente época, na fase provincial, após derrotar o Desportivo de Nacala por 1 a 0, partida da grande final disputada no Estádio 25 de Junho.
Tratou-se de um duelo entre os dois representantes da província mais populosa de Moçambique na presente edição do Moçambola. Aliás, aquela partida, para além da disputa pela conquista do troféu, serviu para medir a prontidão dos dois conjuntos para a 10ª jornada da fina -flor do futebol nacional.
Recorde-se, tanto o Ferroviário de Nampula assim como o Desportivo de Nacala estão a atravessar uma tremenda crise de resultado no campeonato nacional, o Moçambola, por isso uma vitória no jogo passado era de extrema importância para devolver a moral no seio dos grupos de trabalho. Tal aconteceu antes dos embates da jornada número dez da prova, com o Ferroviário de Nampula a viajar a Pemba onde vai medir forças com o Baía local, enquanto o Desportivo de Nacala recebe o aflito Ferroviário de Maputo.
Razões suficientes para os artistas dos dois lados entrarem com tudo para o retângulo de jogo. As duas formações visitaram, vezes sem conta, a baliza contrária, mas que a falta de finalização foi o pecado comum.
O único golo daquela tarde foi conseguido na segunda parte do confronto, pois na etapa inicial o marcador registou um nulo. O golo singular e histórico foi marcado por Telinho, na conversão de uma grande penalidade.
Victor Mayamba, treinador do Desportivo de Nacala disse estar satisfeito pelo desempenho da sua rapaziada, tendo lamentado as decisões da equipa de arbitragem, em certos lances, influenciaram o resultado final da partida.
“O Desportivo consentiu mais uma derrota, penso que nós fomos arrastados para mais uma derrota porque, por aquilo que a equipa jogou e penso que fomos a equipa que espelhou um belíssimo futebol, jogou de peito aberto sem ajuda de ninguém. É triste quando para um jogo de futebol os protagonistas não são os artistas. É uma final provincial na qual as duas equipas têm acesso a fase regional, acontecem situações destas. Eu penso que se forem a visualizar as imagens houve dualidade de critérios, as faltas eram só para um lado”, começou por dizer Victor Mayamba, timoneiro do Desportivo de Nacala.
“Vamos continuar a trabalhar, estamos num bom caminho, numa fase de reestruturação da equipa e que até agora só reintegramos três jogadores, temos mais oito por integrar. Estamos a integrar jogadores jovens da formação. É um processo e acredito que estamos num bom caminho, o nosso foco é Moçambola, uma manutenção tranquila e esta rapaziada penso que está a trabalhar para reverter o cenário das derrotas porque, nos três, quatro jogos que a equipa fez desde que estou aqui, este é mais uma amostra de estarmos num bom caminho”, considera Mayamba.
“Somos condicionados e isso só os senhores é que podem contradizer porque têm as imagens. Eu não tenho medo de dizer que fomos condicionados porque não nos deixaram jogar e ter uma final digna e bater um representante. O Ferroviário está de parabéns, ganhou e não é culpado, mas alguém vai pagar essa derrota. Não sei quem, mas há-de aparecer uma primeira vítima. Estamos num bom caminho, a trabalhar, temos um bom caudal ofensivo, estamos com a equipa alegre a jogar o futebol de pé para pé e a equipa evoluiu muito. Alguém vai pagar, não sei quem, mas alguém vai pagar”, precisou o timoneiro.
Quem ficou satisfeito com o resultado é Artur Macassar, treinador do Ferroviário de Nampula. Para o técnico a vitória é importante para tentar apagar as mágoas provocadas pelas duas derrotas consecutivas sofridas nas últimas duas jornadas do Moçambola.
“Primeiro dizer que era importante ganhar. Era para ganhar apenas, não é pontuação, contra um adversário que esteve presente, um Desportivo com muita dinâmica, é bom que se diga isso, muita dinâmica, muita profundidade. Soubemos segurar, aproveitar as costas do adversário, fazer a circulação rápida para conseguir finalizar. Aí está o nosso calcanhar de Aquiles, chegamos muitas vezes a baliza, mas não conseguimos marcar. Esse é um trabalho que estamos a fazer, estamos permanentemente a insistir no factor finalização, então vamos corrigir”, referiu o mister Turito para quem, “mas o importante era ganhar, esse é um jogo só, então, tínhamos que procurar vencer, de qualquer jeito”.
Para as próximas fases da competição, Artur Macassar disse que a sua equipa tudo fará para chegar o mais longe possível.
“A segunda maior prova nacional, temos que procurar jogo a jogo até onde parar mas enquanto pudermos vamos até a final, quem sabe lá levarmos a taça, mas para tal é preciso que estejamos com os pés assentes, respeitar os adversários, fazer o nosso jogo, estamos no Moçambola numa luta que viemos em derrotas, então temos que conciliar as duas coisas e procurar potenciar o plantel, segurar os jovens todos e irmos sempre para a frente”, anotou.
Norte não merece ter apenas um representante na fase nacional
Tanto o Ferroviário de Nampula, assim como o Desportivo de Nacala apuram-se para a fase regional norte da competição, onde vão encontrar outras duas equipas, sendo um representante de Cabo Delgado e outro da província do Niassa.
Na fase regional apenas apura-se uma equipa para a fase nacional da Taça de Moçambique. Para Januário Pastola, Presidente da Associação Provincial de Futebol de Nampula não faz sentido que até os dias que correm, apenas a região norte seja representada por apenas um emblema, ao avaliar pelo número de clubes a militarem no Moçambola, um total de quatro, por isso insta a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) a rever a situação.
“Não reclamação, apenas um reparo, a Associação Provincial de Futebol de Nampula, inclusive as outras associações, de Niassa e Cabo Delgado, é que o número das equipas apuradas para a fase nacional é um ínfimo, não corresponde a verdade daquilo que temos feito aqui. O mínimo que devia acontecer era que apurasse mais duas para irem a fase nacional, uma única equipa, não sei como é feito, eu já fiz reclamação antes, provavelmente a Federação Moçambicana de Futebol, faça um reparo desse assunto”, entende Januário Pastola.
“Nós temos muitas equipas, ao nível da zona norte nós temos quatro clubes que militam no Moçambola, então, não merecemos termos uma única equipa na fase nacional”, reiterou Pastola.
No que concerne ao decurso da competição na sua fase provincial, Januário Pastola projecta uma avaliação positiva. Aliás, vangloria-se pelo facto de ser a primeira Associação a apurar seus representantes a fase regional, em tempo recorde.
“Este é um plano que já foi positivo. Definimos como o segundo campeonato da fase provincial, concluímos com sucesso. APFN é a primeira a entregar seus representantes e hoje o público esteve presente com toda disciplina, com todo mérito e ganhou quem ganhou, tal como todos nós vimos. O que nos falta é tentar incentivar mais os nossos dois representantes na fase regional para que um dos clubes esteja na fase nacional”, precisou a fonte. (Constantino Henriques)