Nampula (IKWELI) – Mais da metade dos pouco mais de mil trabalhadores que viram a sua relação contratual com o município da cidade de Nampula suspensa, por questões de legalidade, são mulheres, as quais apontam estarem a passar por dificuldade e sem meios para garantir o sustento das suas famílias.
Desesperada e sem saber o que fazer, Maria de Lurdes disse que serviu o município durante 20 anos, neste momento não entende o motivo do seu afastamento, uma vez que dedicou a sua vida e carreira a cidade sem se queixar.
Actualmente desempregada, de Lurdes afirmou ao Ikweli estar a viver momentos difíceis, por isso pede uma intervenção rápida. “Fomos expulsos sem indeminização e sem reforma, não sei o que fazer para dar de comer aos meus filhos, socorro”.
O grito de socorro é partilhado por Helena Saíde, viúva e responsável por sua família. A mesma conta que foi acolhida pelo falecido autarca, Mahamudo Amurane, para trabalhar no município por conta da vulnerabilidade em que se encontrava.
Neste momento, a sua maior preocupação é perceber o motivo do atraso dos seus ordenados já há quatro meses. E, questiona o motivo do seu afastamento sem aviso prévio.
“Eu sou viúva e a única responsável por sustentar os meus filhos e netos. Não sei porque fomos retirados, mas o que eu quero é o meu salário que não entra desde janeiro, preciso desse dinheiro para ver se consigo fazer algo para ajudar a minha família”.
Quem igualmente mostra-se desesperada por ter sido “injustamente” afastada, é Sónia Mário, a mesma justifica que antes do trabalho como auxiliar de limpeza no município exercia a atividade de empregada doméstica em algumas residências.
“Sou única da família que resolve tudo, todas as portas em que confiava para fazer pequenos biscates, como lavar pratos e outros trabalhos domésticos estão ocupados, não confio mais outro sítio, estou sentada em casa, o que posso fazer? O que fizeram connosco não é justo, mesmo que nos dêem dinheiro vamos comer só dois dias e acabar, pedimos de volta o nosso emprego, nós já habituamos tirar lixo nas estradas, ainda que o dinheiro seja pouco, mas já sei que quando amanhece tenho meu pão para sustentar meus filhos”
Mãe de 8 filhos, Sónia pede de volta o seu trabalho de forma a garantir o básico. Um outro dado não menos importante é que dois dos seus filhos perderam o ano lectivo, tudo porque a mesma não conseguiu prover material escolar para os pequenos.
“E tenho outros que vão a escola, mas estudam à maneira, estamos mal”.
Madalena Laissone, visivelmente emocionada, contou ao Ikweli que o seu marido encontra-se numa situação de saúde deplorável, por isso, tornou-se na única responsável pelo sustento da família.
“Minha irmã perdeu a vida há pouco tempo e meu marido está gravemente doente, onde eu vou parar com essa situação, estamos a passar por momentos complicados, estamos a viver à maneira, já tínhamos habituado aquele trabalho, porque no fim do mês tínhamos dinheiro para sustentar nossos filhos e na sua educação”, concluiu. (Ângela da Fonseca)
