Nampula (IKWELI) – Algumas crianças residentes na zona do Brito, no bairro de Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula, recorrem, muitas vezes, a uma lixeira para encontrar restos de comida que servem de alimentação, uma situação que acontece com o conhecimento de seus familiares.
O Ikweli flagrou, naquele local por volta das 8 horas da manhã de 30 de Maio, pelo menos cinco crianças a procura de comida, as quais contaram que não é pela primeira vez que aproveitam os restos de comida para se alimentar, alegando que os seus progenitores carecem de condição para as alimentar o suficiente.
De acordo com Milena Daniel, de 7 anos de idade, os pais quando saem para os seus postos de trabalho não deixam algo para comer de manha, por isso vai com os seus irmãos mais novos recolher restos de batata-doce e carvão para cozinhar. “Nós estamos aqui porque estamos a sentir fome, em casa não tem comida, mamã saiu, disse que foi procurar comida, meu pai também foi vender no mercado, nós acabámos vir aqui, assim vamos levar essa batata-doce e carvão que apanhamos aqui na lixeira, vamos cozinhar em casa, enquanto esperamos mamã voltar. Assim ontem não comemos porque não tinha nada em casa”.
O Ikweli deslocou-se à casa dos pais da menina Milena Daniel. Nesta coincidiu com o regresso da mãe, a dona Fátima Ernesto, de 35 anos de idade, que confirmou que com muita frequência a sua filha e outros menos da zona recorrem a lixeira para encontrar comida, tudo devido a dificuldades financeiras que a família, com 7 membros, passa. “Tinha saído de madrugada, ao local onde faço levantamento de bambos e madeiras para vender, quando regresso não lhes encontro, não sábia que estavam na lixeira a procurar comida, também tem razão porque sentem fome, visto que ontem não conseguimos comer todo dia”, contou, afirmando que muitas vezes comem uma refeição ao dia.
Alem de falta de comida a dona Fátima Ernesto, lamentou da falta de quase tudo. “Só para ver, não tenho comida, nem roupa para crianças, nem chinelos para calçarem, se conseguirmos alguma coisa, se nesse dia [1 de junho] pelo menos conseguirmos uma refeição agradecemos a Deus. As vezes meus filhos conseguem comer na casa vizinha, por isso peço ajuda de qualquer forma”.
Maria Júlio, residente da unidade residencial Brito, diz-se preocupada com a situação de muitas crianças recorrerem a lixeira para encontrar comida, porque põe em risco a sua própria saúde. (Virgínia Emília)