Nampula (IKWELI) – O Hospital Central de Nampula (HCN), maior unidade sanitária do norte de Moçambique, registou a entrada nos serviços de internamento um total de 84 pacientes que padecem de epilepsia descompensada durante o ano passado, sendo que a nível das consultas externas o registo foi de 1.501 doentes de todas as faixas etárias.
Os dados foram revelados pelo neurologista do HCN, Frederico Sebastião, durante uma conferência de imprensa havido na passada segunda-feira (12), aquando do dia Mundial da Epilepsia que se celebrou sob o lema “Marcos Importantes na Minha Jornada pela Epilepsia”.
Segundo explicou, maior parte dos pacientes que dão entrada na unidade sanitária são crianças que tiveram complicações durante o parto, infecções assim como, consumo inadequado dos medicamentos, por isso, Sebastião chama atenção dos pacientes epiléticos no sentido de não interromper a medicação prescrita pelo médico.
“Se deixa de tomar medicamentos predispõe a ter crises, se maltratados têm várias complicações. Por exemplo, na faixa pediátrica se tens um doente com cinco anos ou meses de vida e que não faz tratamento, vai ter complicações associadas ao atraso psico-motor, vai demorar falar, sentar e engatinhar. Se for um aluno, na fase escolar terá baixo aproveitamento, porque entra em crises e não vai perceber a matéria e se for um adulto, não poderá ter vida independente como conduzir uma viatura. E nós temos muitos doentes com complicações”, explicou.
A fonte avançou que parte de algumas pessoas que vagueiam pelas ruas sofrem de epilepsia não controlada que no lugar de crises acabam tendo transtornos psiquiátricos.
“Por isso, todo o doente com epilepsia deve ser encaminhado para um médico especialista da área. A cura da doença depende da causa que está por detrás da mesma”, afirmou.
Frederico Sebastião lembrou a existência de doentes epilépticos que são tratados em diversas teorias, como é o caso de doença de lua e de espíritos. Mas que na verdade a epilepsia é uma patologia neurológica que tem um tratamento para a sua cura.
“O doente epiléptico depende do familiar para ter um diagnóstico, porque depois que ele melhora não percebe o que lhe aconteceu, o familiar é quem vê e carrega ainda inconsciente para o hospital e se o familiar está desinformado justifica o quadro clínico com aspectos espirituais, feitiçaria e leva para um sítio errado e isso piora bastante, porque o doente quando está a convulsionar não respira e pode morrer. Mas se levar ao hospital tem uma medicação que relaxa os músculos é oxigenado e tem menos riscos de morte”, referiu.
Fevereiro Roxo foi instituído com vista a chamar atenção da sociedade sobre a existência da doença, bem como tirar a discriminação das pessoas que sofrem nas comunidades e famílias. (Ângela da Fonseca)