Nampula (IKWELI) – O serviço de transporte semi-colectivo de pessoas e bens na cidade de Nampula, maior centro urbano do norte de Moçambique, continua a ser operado num ambiente turbulento e caótico.
As regras impostas para o cumprimento das operações nas rotas foram pisoteadas, cada operador de “chapa-100” faz duas suas, chegando uma rota a ter mais de 3 pontos intermédios que se confundem com rotas autónomas.
Os utentes encontram-se numa situação de desespero e a edilidade, que devia impor ordem, nada faz há anos.
Na cidade de Nampula, as principais rotas são as do Polígono/Waresta, via avenida do Trabalho, Polígono/Substação, via avenida do Trabalho, Waresta/Escola Secundária de Nampaco, via avenida do Trabalho, Namicopo/Waresta, via avenida do Trabalho (esta rota há muito que apenas ficou quase que pela metade, fazendo apenas a rua dom Manuel Vieira Pinto), Faina/Polígono, via avenida do Trabalho, Waresta/Muahivire, via avenida Paulo Samuel Kankhomba, Waresta/Escola secundária 22 de Agosto, via avenida Paulo Samuel Kankhomba, Waresta/INIA, via avenida Paulo Samuel Kankhomba, Substação/Muahivire, via avenida Paulo Samuel Kankhomba, Substação/INIA, via avenida Paulo Samuel Kankhomba, Substação/escola secundária 22 de Agosto, via avenida Paulo Samuel Kankhomba, Waresta/Muhala Expansão, via Matadouro, Substação/Muhala Expansão, via Matadouro e Sipal/Barragem, via rua da Unidade.
Para cada uma dessas rotas, os operadores decidiram, por moto próprio, colocar novos pontos que funcionam como terminais, destacando-se o da Praça da Liberdade (rotunda do Hospital Central de Nampula), mercado do Matadouro, Sipal, CFM e rotunda do aeroporto de Nampula.
A invenção destes pontos terminais faz com que o transporte seja cada vez mais oneroso para as famílias.
Teresa Máquina denuncia que, recentemente, apanhou um “chapa-100” que alegou que tinha como destino Muhala Expansão, mas “o chapa terminou na Sipal e tive dificuldades em chegar ao meu destino”.
Esta fonte anota que esta situação é deveras complexa, tanto é que não entende as reais razões que fazem com que os chapeiros se comportem de tal forma.
Amadinho Eusébio é outro utente preocupado com a situação de encurtamento, por isso exige a quem de direito para colocar ordem. “Como munícipe estou preocupado e apelo aos agentes fiscalizadores para que continuem a trabalhar na perspetiva de eliminar o mal”.
“Há muito encurtamento de rota em todas as vias”, desabafa, nervosa a utente Esperança Agostinho, prosseguindo que “actualmente quando a pessoa quer somente chegar ao Waresta é necessário que gaste um valor de 20,00Mt (vinte meticais) ou mais, então isto dificulta a vida de algumas pessoas e porque não temos outra alternativa continuamos a subir os transportes para chegar aos nossos destinos atempadamente e sem sobressaltos. A situação de encurtamento é geral cá em Nampula e do conhecimento das entidades que velam por isto e mesmo assim o problema continua longe de ser resolvido”.
A subida dos preços dos combustíveis é a justificação usada pelos operadores de “chapa-100”, na cidade de Nampula, para o encurtamento de rotas, alegando que o conselho autárquico local não revê em alta as taxas praticadas.
“Se nós fazemos o encurtamento de rotas é porque procuramos ter ganhos, o combustível está caro e precisamos garantir a receita diária”, justifica-se Jaime Amisse, o qual comenta que “a nossa ideia era fazer subir a tarifa, mas o conselho municipal não aceitou a proposta e por conta disso temos prejuízos e optamos por este cenário de encurtamento”.
Esta fonte reconhece não ser correcto e que tal prática prejudica os utentes, mas diz não haver alternativa. “Infelizmente, não temos outra alternativa”.
William Juma, outro operador de “chapa-100”, disse ao Ikweli que “a distância definida nas rotas, danificação das vias de acesso e a subida do preço de combustíveis são grandes dificuldades para nós e que não compensa as nossas receitas diárias, daí que alguns automobilistas recorrem ao encurtamento de rotas para, pelo menos, arrecadar algum valor. No meu caso, dificilmente, pratico o encurtamento, não há ganhos e a melhor solução é o aumento da tarifa”.
O que diz a edilidade?
O chefe da unidade da Polícia de Trânsito, na Polícia Municipal e de Fiscalização da cidade de Nampula, Albano Anli, afirma que os utentes não têm estado a denunciar esses encurtamentos de rota, no sentido de facilitar a actuação da corporação.
Ainda sem nenhuma denúncia, esta fonte reconhece que o fenómeno é real e que os transportadores têm inventado pontos de encurtamento como Sipal, CFM, Total e outros.
“Não há boa relação entre munícipes e agentes da polícia municipal fiscalizadora, digo isso porque nós como instituição temos questionado os munícipes sobre o encurtamento de rota e mesmo assim não denunciam e até entramos em contradição, alegando que estão atrasados, com isto é difícil a polícia municipal intervir”, por isso “pedimos colaboração de todos os munícipes para que possam fazer denúncia, tanto em anonimato ou mesmo no terreno a um agente da PRM e da polícia municipal, no sentido de pôr fim a estas infrações”, disse.
Anli explica que a polícia municipal tem se feito a rua para fiscalizar a situação de encurtamento e/ou desvio de rota. “Depois que interpelarmos essas viaturas nós sensibilizamos, penalizamos e aplicamos sansões que são 16.685,00Mt (dezasseis mil, seiscentos e oitenta e cinco meticais), que é decorrente da aplicação da lei. (Nelsa Momade)