Nampula (IKWELI) – Continua sendo um grande desafio para o Governo moçambicano combater a pesca ilegal nas ilhas primeiras e segundas, localizadas entre os distritos de Pebane, na Zambézia e Moma, Larde e Angoche, na província de Nampula.
A proibição da prática da pesca nas referidas Ilhas locais é uma forma de salvaguardar a biodiversidade marinha, mas, mesmo assim, os pescadores não têm poupado esforços para exercerem as suas actividades naqueles locais, colocando em perigo a reprodução das espécies marinhas.
Em 2018, arrancou nas províncias de Nampula e Zambézia, um projecto do governo e parceiros designado por “Conservar a área de Protecção Ambiental das Ilhas Primárias e segundarias”, cujo um dos propósitos era, a sensibilização das comunidades com vista a garantir que os recursos marinhos e costeiros sejam geridos de forma sustentável.
Depois de cinco anos de implementação , o projecto encerrou oficialmente nesta terça-feira (24) na cidade de Nampula, e da avaliação que se fez pelos intervenientes é de que o projecto trouxe bons resultados para a conservação dos recursos das Ilhas Primeiras e Segundas, pelo menos para as comunidades locais, mas afirmam que o desafio actual tem a ver com a prática desregrada de pesca , geralmente praticada por indivíduos vindo de outras partes do país , mesmo tratando-se de uma áreas proibida.
A administradora da Área de Protecção Ambiental nas Ilhas primeiras e Segundas, disse que a falta de fiscalização nas ilhas constitui um dos factores para a pesca ilegal daí defende ser necessária a contratação de Homens para garantir a ordem nas referidas zonas .
“Posso dizer que são bons resultados, com a contratação dos agentes comunitários para a conservação dos recursos naturais, apoiaram muito porque são áreas que não é permitida, estamos a falar lá dos recintos de corais, estamos a falar de espécie protegidas que estão lá. Então, essas agentes apoiaram-nos muito. Para além dos conselhos de gestão dos recursos naturais do próprio WWF apoiou. Então, foi uma mais-valia, alguma coisa positiva existe lá”, disse Ricardina Matusse, Administradora da Área de protecção Ambiental das ilhas Primeiras e Segundas.
“Algo está a diminuir, os nossos agentes não fazem apreensões, simplesmente fazem vigilância e comunicam. Como sabem, a nossa área ainda não tem fiscais, nós, no projecto Promove, vamos recrutar fiscais. Precisamos realmente de trabalhar com os fiscais, apresar de estarmos a trabalhar com CCP, onde esses aí fazem apreensões, mas nesse momento não posso em 100%, mas alguma coisa está a mudar porque nós estamos a trabalhar mais na educação ambientais”, prosseguiu Ricardina Matusse.
Questionada a fonte sobre a prevalência ou não dos pescadores ilegais ao longo das áreas proibidas, frisou que “os Ilegais existem. Nós bem sabemos que esta área é saneável, temos tais reservas integrais onde não se deve pescar, mas temos lá os pescadores, sobretudo os semi-industriais, das empresas que que usam arpão, eles destroem os recintos, são essas áreas que não se pode pescar. Temos esse desafio, talvez, somente com o recrutamento dos fiscais podemos reduzir. Numa primeira fase nós vamos recrutar 30 fiscais, e nesses 30 fiscais nós estamos a incluir também os marinheiros, mas não é um número suficiente, estamos a falar mais de um milhão de hectares, então iriamos precisar acima de 200 fiscais, mas numa primeira fase vamos recrutar esses 30, mas alguma coisa irá mudar”, acredita a dirigente.
Discursando na abertura do evento, o Secretário de Estado na província de Nampula, Jaime Neto, enalteceu o trabalho levado a cabo com vista a salvaguarda dos recursos naturais nas áreas abrangidas. Aliás, para Neto, conservar os recursos em causa é garantir o futuro das gerações vindouras bem como o desenvolvimento sustentável do país.
Por outro lado, Jaime Neto frisou a necessidade do contínuo trabalho coordenado para o alcance dos resultados desejados, sobretudo na gestão criteriosa dos recursos, o que vai proporcionar na contribuição para a qualidade de vida das comunidades e o desenvolvimento do país “O nosso futuro e de planeta depende de nós”, recordou Jaime Neto para quem “a conservação é um esforço contínuo”, pelo que disse ser necessário a promoção do combate às ameaças marinhas, redução da pressão do ecossistema, bem como as mudanças climáticas. (Constantino Henriques)