Nampula (IKWELI) – A crise de ovos na província de Nampula, no extremo norte de Moçambique, está a ganhar contornos alarmantes, numa altura em que se aproxima a quadra festiva do natal e do fim de ano.
Devido à acentuada crise e aliada pela maior procura, actualmente um favo de ovo é vendido a preço que varia de 300,00Mt (trezentos meticais) a 380,00Mt (trezentos e oitenta meticais), um aumento de 150 meticais em relação ao custo praticado até semana passada. Enquanto a situação prevalecer, prevê-se que os próximos tempos sejam de difíceis para viver na província de Nampula.
A crise de ovos na província de Nampula, a mais populosa e com elevados índices de desnutrição em Moçambique, refira-se, foi provocada pelo próprio governo que na tentativa de satisfazer os desejos da Novos Horizontes, uma produtora nacional do produto, mandou fechar os grandes depósitos de ovo importado do vizinho Malawi.
Foi uma decisão que pode elevar ainda mais os níveis de desnutrição da província, uma vez cientificamente estar comprovado que o consumo de ovo traz múltiplos benefícios no organismo humano.
É que, em conformidade com Alfredo Nampuio, Director Provincial de Indústria e Comércio de Nampula, um dos detentores da crise, ao nível da província apenas existe uma quantidade de quinhentos e trinta e um mil ovos (531 000 ovos), o que equivale dizer que igual número de pessoas tem o direito de consumir um ovo este ano, e que mais de cinco milhões e quinhentas (5 500 000) pessoas não têm o direito de consumir um e único ovo, pelo, menos este ano.
“Temos neste momento um stock de 531 mil ovos. Com esses ovos que nós temos e com a produção que estamos a constatar não há razão de haver escassez de ovos. O que deve acontecer são os apartamentos de alguns comerciantes só para despistar aquelas que são as normas que estão sendo seguidas para garantir o bom ambiente de negócio’’, disse Alfredo Nampuio.
Agiram sem antes de criarem condições para a população
Alguns comerciantes de ovos ouvidos pelo Ikweli em diferentes estabelecimentos comerciais da cidade de Nampula, lamentam a decisão do governo ao proibir a venda do ovo malawiano, descrevendo a medida como precipitada.
Para eles, o governo em coordenação com a Novos Horizontes, devia primeiro garantir a produção local de ovo em massa, para depois seguir com aquela drástica medida. Igualmente, lamentam o facto de os preços especulativos por eles praticados actualmente só beneficiarem a classe economicamente estável, agravando desta forma as pessoas desfavorecidas.
‘’Não sei o que dizer sobre esse assunto de ovos, porque antigamente recebiam ovos que vinham de Malawi, mas aconteceu que na semana passada vimos o grupo da INAE a recolher os ovos dos vendedores e fechou os devidos estabelecimentos, sem nenhuma explicação. Por isso que há falta de ovos como o senhor está a ver’’, disse José Martinho, vendedor de ovos em Nampula.
“Esta concorrência em que a Novos Horizontes se sente lesado, eles primeiro deveriam criar condições suficientes para abastecer a cidade de Nampula, depois começar a reclamar, porque não faz sentido reclamar para depois a gente não ter ovo para vender e para consumir é muito triste isso que está a acontecer’’, acrescentou a fonte.
“Os ovos que vendíamos antes desse barulho era mesmo de Malawi, e era um ovo muito bom porque os mesmos ovos vinham muito fresco, diferentemente com os ovos da empresa Novos Horizontes, que em menos de duas semanas apodrecem. Então, por causa de a gente estar a adquirir muito ovo de Malawi a empresa local não estava a gostar. No meu ponto de vista falou com o governo para que fossem apreendidos todos ovos do Malawi e fechar todos estabelecimentos que vendem os ovos que saem do Malawi”, acredita Ismael Luís Manuel, revendedor de ovos no Mercado Central de Nampula.
Fernandinho Agostinho, um munícipe de Nampula, disse f ao Ikweli que a crise de ovos está a impactar negativamente na vida das famílias. “A gente está a sentir com essa situação de subida de ovos. Não é fácil uma pessoa viver assim, por exemplo eu sair de casa com um determinado valor que eu já tinha planificado, que é 200,00Mt (duzentos meticais) a cada favo, mas quando cheguei neste mercado fiquei surpreendido com o novo preçário de 300,00Mt, principalmente agora que se aproximam as festividades, isto é triste”, lamentou o citadino.
“O ovo agora está muito caro, e eu acho que isso vai continuar a subir até nas festas do natal e do final de ano. Isso vai subir, porque, segundo eles, a cidade de Nampula não tem ovos, eu assim sai de casa com dinheiro para comprar dois favos de ovo que equivalia 400,00Mt, mas já desconsegui, porque não tenho os 600,00Mt para comprar os dois favos”, alega uma munícipe que não deixou ficar o seu nome. (Constantino Henriques e Hermínio Raja)