Depois da UniLúrio: Formação de médicos está um caos na UniZambeze

Beira (IKWELI) – A formação de médicos pela Universidade Zambeze (UniZambeze), com sede na cidade da Beira, no centro de Moçambique, está um autêntico caos, tudo por conta do incumprimento das obrigações da direcção da instituição para com os estudantes finalistas, sobejamente conhecidos como médicos estagiários.

Um grupo de estudantes, em representação dos 50 médicos estagiários que reivindicam o pagamento de subsídios, contactou o Ikweli para denunciar que estão tendo um fim de curso martirizante.

Os denunciantes confirmam que os fundos para os pagamentos dos estágios, prestados no Hospital Provincial de Tete, já foram canalizados para as contas da UniZambeze pelo Ministério da Saúde (MISAU).

Em maio de 2023, o director da Faculdade de Ciências de Saúde confirmou aos estudantes haver disponível o dinheiro para o pagamento dos estágios, como também os denunciantes têm documentos do MISAU que confirmam as transferências para a conta da UniZambeze.

“Começamos no ano 2018, terminamos as aulas teóricas em janeiro de 2023. Estava previsto o início do estágio entre março e abril, só que quando terminamos as aulas em janeiro tirou-se a lista provisória, em março tirou-se a lista definitiva que se enviou ao MISAU e aguardava pela disponibilização do cabimento [de verba], de acordo com a lista diária. Na altura éramos mais de 60 médicos estagiários, mas alguns colegas acabaram por ter alguns problemas e entramos 47, de acordo com a lista definitiva”, conta um dos denunciantes, que prossegue referindo que “ficamos à espera. Em abril o magnífico reitor foi de visita, nos reunimos com ele na sede da Universidade Zambeze que está na beira, queríamos saber até que ponto encontrava-se a situação, até porque é muito estranho, ainda não havia luz verde por parte do MISAU e que nós poderíamos ir ao estágio mostrando uma declaração individual”, na qual os estudantes consentiam a sua disponibilidade, independente do cabimento de verba o não, ao que “na altura recusamos a proposta e o magnífico disse que deveríamos fazer por escrito, nós fizemos e entregamos o documento no dia 12”.

Posto, nos dias subsequentes, um mês após “o director da faculdade convocou-nos e disse que já havia cabimento orçamental, que deveríamos preparar os documentos. Só que ficamos à espera, desde 16 de maio, e não ouvimos nada, Junho, Julho também. Aproximamos a direção da faculdade, procuramos saber o que estava a acontecer”, mas o director contou uma nova versão, alegando não haver cabimento orçamental para esta actividade.

“Como o diretor já estava a recuar das palavras, escrevemos uma carta expositiva para a Secretária de Estado na província, no dia 10 de julho, só que enquanto a gente aguardava o despacho da Secretária chegou uma informação das redes socias de uma colega disse que estava reunida junto com o pai no gabinete do magnífico reitor, procurou abordar-se a questão do estágio, o motivo da demora, o magnífico explicou que estava a demorar porque recusamos a proposta desde abril”, referiu o nosso entrevistado, que classifica mentirosa a justificação do reitor da UniZambeze a um pai e encarregado de educação.

Esta situação veio piorar as relações entre as duas partes, segundo narração da nossa fonte, pois mais tarde a reitoria exigia que os estudantes assinassem declarações aceitando o estágio sem pagamento por indisponibilidade de fundos.

Para o efeito, a instituição exigia que, pelo menos, 50% dos estudantes assinassem o documento. “Então nós achamos estranha aquela informação e procuramos esclarecimentos, agora só querem 30 declarações e disseram que o resto iam ser considerados como reprovados e abandono, de acordo como vinha na mensagem”.

Contam as nossas fontes que, mesmo assim, “alguns estudantes ficaram satisfeitos, submeteram uma carta dia 21 de julho à direção da Faculdade para pedir mais esclarecimentos, responderam aquela que estava a circular para ver se poderia se documentar a mesma informação e a direção da faculdade recusou-se, por conta desse ambiente que já vinha se fazendo sentir acabou por se fazer aquelas declarações, em agosto submeteu-se e no dia 04 de setembro iniciamos o estágio, nesse caso os estágios começaram a fazer no hospital Central da Beira, porque na altura o estágio decorria no Hospital Provincial, só que o magnífico disse que não é aplicável um hospital de nível baixo, deve ser no hospital central para terem mais oportunidades”.

Após terem sido emitidas as primeiras declarações para o estágio, com medo de perder a formação, os outros estudantes acabaram por ceder a posição da direcção da faculdade, ao que “mesmo assim iniciamos o estágio, ficamos Setembro, Outubro, Novembro” e “mesmo assim, nada deu certo em relação às outras unidades com o mesmo critério”.

“Começávamos a ouvir mais sinais positivos de UniLicungo, UEM, e ficamos sem perceber o que realmente estava a acontecer e íamos interagindo com alguns colegas também da UniLúrio e parece que lá também já tinha informação de que já havia cabimento e quando aproximamos a direção da Universidade na Beira dizia que não havia cabimento para nós e ficávamos espantados. Como é que houve cabimento para UniLúrio, UEM, UniLicungo, e nós fomos excluídos?”, espantam-se os estudantes.

Foi necessário contactar o MISAU

As nossas fontes afirmam que “nós fizemos uma carta, em dezembro, e submetemos ao MISAU a procura de esclarecimentos, então este notificou o Hospital Central e no dia 11 recebemos uma carta em que se dizia que cerca de 45 estagiários que estão aí, mas sem contrato e é estranho porque nós já desembolsamos 51 milhões de meticais em Novembro do ano passado para o pagamento”.

Passando algum tempo, já em fevereiro do corrente ano, “achamos que seria melhor nós irmos atrás do assunto, uma vez que MISAU já tinha notificado o hospital, mas ao mesmo tempo quando íamos para lá diziam que ainda não havia despacho não estávamos a entender o que estava a acontecer e no dia 7 de Março, através de um despacho, o MISAU nos confirmou que desembolsou o valor destinado a nós, e achamos que a universidade, praticamente, não fez chegar, e não nos deu explicação”.

Passados estes eventos, os médicos estagiários paralisaram as actividades. “Quando paralisamos no dia 19 de Fevereiro, no dia 27 nós tivemos um encontro com o magnífico reitor e explicamos a situação, que o hospital disse que recebeu uma notificação do MISAU e nós não estamos a perceber, e o magnífico exigiu o documento, então indicamos dois colegas que foram a Maputo. Estamos a tentar conversar com a direção da Universidade e não está fácil”.

O Ikweli contactou o director da Faculdade de Ciências de Saúde da UniZambeze, Maitu Abibo, o qual disse não ter autorização para falar do assunto. (Amade Abubacar)

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