Nampula (IKWELI) – O governador de Nampula, Eduardo Mariamo Abdula, instou as mulheres muçulmanas a engajarem-se e a serem proactivas no combate a desnutrição crónica e na preservação da paz na província.
O Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO) organizou neste domingo (27) a primeira edição feminina de recitação e memorização do alcorão, evento que teve como convidado de honra o governador Abdula e a sua esposa, Nazira Abdula.
Foi nessa ocasião que o governante fez estes apelos, afirmando que “permitam-me, ainda, trazer à vossareflexão uma realidade igualmente sensível e urgente: a grave situação da desnutrição crónica na nossa Província de Nampula. Os índices são alarmantemente altos, afectando especialmente as nossas crianças, comprometendo o seu desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Trata-se de uma crise silenciosa, mas profundamente devastadora”.
“Neste contexto, lanço um apelo directo e fraterno às irmãs e aos irmãos aqui presentes: participem activamente nos esforços de educação, sensibilização e combate à desnutrição. Que, nas vossas comunidades, nos vossos púlpitos e momentos de partilha, levem a mensagem da nutrição, da saúde e da dignidade humana. É fundamental pressionarmos para a implementação de políticas públicas eficazes, que garantam o acesso a alimentos nutritivos e a educação alimentar, sobretudo nas zonas mais vulneráveis,” disse prosseguindo que “juntos, podemos e devemos reduzir esses índices, promovendo a saúde e o bem-estar das nossas famílias e, sobretudo, das nossas crianças. Que este seja um compromisso colectivo por um futuro mais saudável e próspero para Nampula.”
Num outro desenvolvimento, Abdula pediu a união das mulheres muçulmanas na preservação da paz, pois “temos recebido denúncias e alertas sobre actos de subversão e potenciais ameaças à segurança da nossa população. A nossa mensagem é clara: vigilância e denúncia responsável. Qualquer movimento estranho, qualquer acto que atente contra a tranquilidade das nossas comunidades, deve ser prontamente comunicado às autoridades competentes. Não há religião, e sublinho, nenhuma religião — incluindo o Islão — que advogue o recurso à violência ou à
destruição. O termo “Islão” provém de al-Islam, que significa “submissão” ou “rendição a Deus”. Embora frequentemente associado à palavra “paz”, o significado essencial é o da obediência e da entrega ao Criador. Mas não pode haver verdadeira submissão a Deus sem respeito pela vida humana, pela dignidade e pela coexistência pacífica”.
Entende, ainda, o governante que “este concurso de memorização do Alcorão é um acto que dignifica a juventude, fortalece os valores morais da nossa sociedade e enriquece profundamente a espiritualidade e a cultura islâmica. Felicito, com especial
apreço, a mulher muçulmana pelo seu papel essencial na preservação e transmissão da palavra de Deus.”
Para além dos tradicionais prémios, previamente, anunciados, a família do governador ofereceu cada umas das 14 concorrentes um televisor plasma.
E o delegado do CISLAMO em Nampula, sheik Abdulmagid António, disse que “segundo a lei de Deus, quem não agradece ao homem, também não agradece a Deus. Através dessas meninas concorrentes, sentimos que o Sagrado Alcorão continua vivo, preservado e vivido, inclusive pelas mulheres, que historicamente sempre desempenharam um papel fundamental na fé e nos valores islâmicos. Este concurso mostra o conhecimento, a disciplina, a espiritualidade e o papel essencial da mulher muçulmana.” (Malito João)