Nampula (IKWELI) – O elevado número de crianças chefes de família na província de Nampula, no norte de Moçambique, tende a aumentar e a situação preocupa a esposa do Secretário de Estado na circunscrição, Luzitiza Pereira.
São crianças que no meio da vulnerabilidade fazem o possível e o impossível para cuidar dos seus irmãos mais novos. Um cenário que as obriga a ter que abrir mão de um dos seus direitos que é de estudar.
Por conta disso, no âmbito do mês de Junho, época em que o mundo acolhe o dia internacional da criança e da criança africana, resultando deste modo na quinzena da criança, período em que várias acções são desenvolvidas com vista a celebrar os petizes e desencorajar atitudes que os possam prejudicar, o Ikweli conversou com a esposa do Secretário de Estado da província para saber as principais actividades desenvolvidas face aos desafios enfrentados por menores que se tornam chefes de família em tenra idade.
Luzitiza Pereira começou por mostrar a sua indignação face a situação, pois entende tratar-se de uma realidade que coloca em causa os direitos fundamentais das crianças.
De acordo com a instituição, tem se prestado apoio contínuo a estas crianças em situação de vulnerabilidade, visando assegurar a sua proteção e bem-estar. Tendo afirmado que até ao momento o gabinete assiste mais de 200 crianças.
“Estamos a trabalhar para garantir que nenhuma criança seja deixada para trás. Os menores chefes de família recebem apoio em diferentes frentes, desde alimentação até apoio psicossocial.”
A preocupação estende-se também à fase adulta desses menores, com o gabinete a revelar que, em parceria com a Universidade Mussa Bin Bique, têm sido atribuídas bolsas de estudo para facilitar o acesso ao ensino superior, bem como formação técnico profissional com vista a abrir portas para o autoemprego.
A fonte explica que a medida visa quebrar o ciclo de pobreza e exclusão que afeta milhares de crianças órfãs ou abandonadas.
“Quando se trata de criança na fase que lhe é permitida fazer uma formação com alguns parceiros ajudamo-las a ter uma profissão técnica que possa dar autossustento.”
Já o presidente do Parlamento Infantil da província de Nampula, Valdemiro Jamal, garantiu que tem estado a debater com o governo estratégias para melhorar a proteção e garantir que os direitos das crianças sejam respeitados, com particular atenção para os menores que enfrentam responsabilidades precoces.
“Lutamos sempre para ver políticas mais inclusivas e acções concretas que protejam todas as crianças, independentemente da sua condição social. As crianças precisam crescer num ambiente seguro, com acesso à educação, saúde e amor.”
E a direcção provincial do Gênero, Criança e Acção Social de Nampula tem vindo a envidar esforços para que os direitos da criança sejam respeitados e valorizados, por isso mesmo, para encerrar a semana da criança, foi para Anchilo comemorar com petizes locais.
“Celebramos esta data como forma de conscientizar a sociedade sobre a necessidade de proteger e educar a criança a todos níveis, sem nenhuma descriminação. Moçambique tem se destacado na proteção e desenvolvimento da criança no quadro da implementação dos seus direitos estabelecidos nos instrumentos nacionais e internacionais consolidados na lei da promoção e proteção dos direitos das crianças,” disse Cedinha Mpila, directora do sector. (Ângela da Fonseca e Malito João)
