Nampula (IKWELI) – Koxukhuro e Okhala Wamiravo, organizações não governamentais (ONG’s) radicadas na província de Nampula, acusam o governo moçambicano de não estar a dar assistência as vítimas baleadas durante as manifestações pós-eleitorais de 2024, sendo que parte das mesmas foram supostamente baleadas por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).
O defensor dos Direitos Humanos e representante da Koxukhuro, Gamito dos Santos, afirma que o governo nunca deu assistência às vítimas. “O governo os abandonou desde o primeiro dia, nunca deu assistência. Nós como organização, estamos a fazer acompanhamento das vítimas em todos aspectos, ou seja, damos apoio legal, alimentar, psicossocial. O governo nem pelo menos socorrer um dia nunca fez, nem visitar, muito menos fazer levantamento,” disse a fonte.
O decreto aprovado, segundo o qual dariam acompanhamento às vítimas, não passou de uma mera formalidade, porque, “até agora alguns estão presos nas cadeias e o governo não diz nada. Diziam que iriam perdoar, mas nada aconteceu, porque foram uma ou três pessoas no Maputo e depois daí parou. Aqui em Nampula nunca aconteceu absolutamente nada,” lamentou dos Santos.
O nosso entrevistado disse ainda que a organização que representa está agora “nos tribunais para solicitar a liberdade condicional, porque eles já foram condenados e as penas variam de dois anos, outros um ano e oito meses. Alguns já cumpriram a metade das penas, então, podem ir para casa em liberdade condicional. Os nossos advogados estão a remeter requerimentos para que alguns estejam fora das celas,” realçou a fonte.
Por seu turno, Yohan Yotamo em representação da associação Okhala Wa Miravo em Nampula, também, disse que têm feito acompanhamento das vítimas, e defende que “o governo não faz seguimento das pessoas que foram baleadas durantes as manifestações. Nós damos alimentação, assistência médica, assistência psicológica e dos seus familiares. Trabalhamos com parceiros, quando identificamos uma vítima, reportamos aos nossos parceiros, mobilizamos o tipo de assistência em nosso alcance e a gente faz chegar,” afirmou Yohan.
“No momento estamos com apoio psicossocial que os colegas estão a fazer. Temos um cronograma dos dias em que vamos às casas das vítimas e fazer acompanhamento, ou seja, fazer assistência da integração social na comunidade,” acrescentou a fonte.
Lembre-se que as manifestações violentas eclodiram após as VII eleições presidenciais e legislativas e IV para as assembleias provinciais em Moçambique, a 21 de Outubro de 2024, que foram caracterizadas pela vandalização e saque de bens públicos e privados, assim como o ferimento e morte de diversos civis. (Francisco Mário)






