Nampula (IKWELI) – O sociólogo moçambicano Jaibo Mucufo afirma que o aumento de trabalhadoras e trabalhadores de sexo em Nampula está ligado à dinâmica socioeconómica do país, que arrasta muitas mulheres que preferem ganhar dinehrio sem gastar quase nada.
Segundo sabe o Ikweli, nos últimos tempos o trabalho de sexo no maior círculo eleitoral do país, Nampula, tornou-se um dos negócios mais procurados, onde até mulheres com responsabilidades familiares abraçam esta actividade para alavancar a sua economia. Nesta realidade, enquanto algumas frequentam prostíbulos à espera de clientes, outras recorrem às redes sociais e aos mercados para sobreviver através do sexo.
Aliás, nos últimos tempos, os “xitiques” diários, as novas modas e o consumo de bebidas alcoólicas são instrumentos que levam mulheres a aceitarem serviços sexuais às vezes por apenas 100,00Mt (cem meticais) durante 24 horas.
Por exemplo, nos maiores prostíbulos da praça, conhecidos por Axinene e Faina, algumas trabalhadoras de sexo relatam que não estão nesta actividade por vontade própria. “Eu não estou aqui porque gosto, mas sim porque na minha vida não vejo o que posso fazer para ter dinheiro. Hoje em dia estudar não é fácil, tentei fazer negócio de peixe seco, mas roubaram a minha mercadoria e não tive apoio para continuar. Quando vi outras mulheres a ganharem dinheiro de forma fácil, apostei nesta vida. Sei dos riscos a que estou exposta, mas não tenho outra alternativa. Se aparecer alguém para me ajudar, prometo que posso deixar este trabalho, porque às vezes o meu órgão genital dói de tanto sexo quase todos os dias e a toda hora. Estou aqui por causa do sofrimento, mesmo que as pessoas me critiquem, porque não vejo outra saída,” explicou.
O sociólogo Jaibo Mucufo entende que o aumento de trabalhadores de sexo nos prostíbulos da cidade de Nampula deve-se, entre várias motivações, à pressão económica. “Pode ser o resultado da própria dinâmica socioeconómica que vivemos nos últimos tempos. Prostituição seria uma prática sexual com um fim remunerável. Se há muita pressão, as pessoas analisam a sua capacidade de angariar dinheiro no momento e acabam a envolver-se nisso. Até os homens fazem prostituição, o que mostra que já não é algo que apenas se reprima as mulheres. Antigamente, quando um homem casava com uma mulher rica, era visto como normal, porque havia padrões a considerar. Hoje, o que acontece é uma relação momentânea, onde o dinheiro está na mão e a actividade acontece. Vejo dois factores principais: a pressão económica e a quebra dos princípios normativos que regulam a sociedade para evitar este comportamento,” disse.
Mucufo afirmou ainda que a situação actual da sociedade “deixa a desejar”, pois o sexo perdeu o seu valor essencial. (Malito João)