Dom Inácio Saure suspeita que insistência na usurpação de terrenos da Igreja tenha por trás uma “mão gigante” invisível

Nampula (IKWELI) – O arcebispo metropolitano de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), Dom Inácio Saure, quebrou o silêncio na manhã desta quarta-feira (3), visivelmente emocionado, quase deixou transparecer lágrimas ao falar sobre a usurpação de terras pertencentes à Igreja Católica.

O prelado começou por lamentar a ingratidão de parte da população residente em Nampaco, no bairro de Namutequeliua, que invadiu o terreno das Irmãs Servas de Maria, mesmo após todos os apoios e serviços prestados por aquelas missionárias à comunidade.

Segundo explicou, a conferência de imprensa foi convocada após várias tentativas de mediação do caso, que passaram pelo Conselho Municipal da Cidade de Nampula e também pelo Tribunal, sem resultados satisfatórios.

Dom Inácio iniciou o encontro com uma oração de súplica, guiada pelo Salmo 43, versículo 1: “Faze-me justiça, ó Deus, defende a minha causa contra gente sem piedade; livra-me do homem mentiroso e perverso.” Com esta citação, o arcebispo pediu a misericórdia de Deus em favor dos mais necessitados, recordando que tudo o que a Igreja possui é destinado a eles.

O prelado enumerou os casos mais preocupantes de ocupação ilegal de terrenos da Arquidiocese de Nampula.

O terreno onde funciona o Seminário Propedêutico Mater Apostolorum, de formação de nível médio para candidatos ao sacerdócio, é o mesmo espaço que acolhe o Seminário Interdiocesano de Filosofia, pertencente à Conferência Episcopal de Moçambique, com estudantes de todas as províncias do país.

Sobre este último, o arcebispo questionou: “Que ingratidão é esta? Todo o bem que as irmãs do Mosteiro fazem ao povo é pago com a invasão das suas terras?”

Dom Inácio recordou que a situação começou de forma mais sistemática durante o período das manifestações pós-eleitorais, que, segundo ele, foram aproveitadas por criminosos para concretizar planos de invasão.

Apesar de ter mantido silêncio na esperança de que a justiça resolvesse o problema, o arcebispo afirmou agora suspeitar da existência de ligações com figuras influentes. “O meu silêncio foi fruto da crença ingénua numa solução justa. Mas a arrogância dos ocupantes e a recusa em abandonar os terrenos fazem-nos admitir a hipótese de uma “mão invisível”, de poderosos intocáveis que encorajam estes crimes. Eles agem como se nada lhes pudesse acontecer.”

Com emoção, Dom Inácio Saure destacou que a maior preocupação da Igreja continua a ser os pobres, razão pela qual apela à intervenção de pessoas de boa vontade para apoiar a reversão desta situação que tanto faz a Igreja sofrer. (Malito João)

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