Mais de um milhão de alunos aprende a ler e a escrever no chão em Nampula

Nampula (IKWELI) – Mais de um milhão de crianças do ensino primário continua a sentar-se no chão para aprender a ler e a escrever na província de Nampula, devido a falta de carteiras. 

A informação foi partilhada esta terça-feira (01), pelo chefe do departamento de Planificação, Faruk Karim, durante a realização da primeira Reunião Provincial de Planificação do sector da Educação. 

Na ocasião, o responsável revelou que a província conta com 599.452 carteiras, ainda assim, acima de um milhão de crianças continua a sentar no chão. 

“Estamos a dizer que para o ensino primário, precisamos de 257.453 carteiras para tirar todas as crianças do chão, pois as carteiras que temos não fecham todos os alunos”.

Já para o sector secundário, o responsável partilhou que há necessidade de adquirir 182.709 carteiras para tirar os alunos do soalho. Ou seja, ao todo, o necessita de 440.162 carteiras para o ensino primário e secundário. 

Por isso, entende tratar-se de um desafio, que requer esforços de todos os intervenientes do sector da educação em mobilizar recursos para retirar os alunos desse martírio. 

“O desafio do sector é mobilizar recursos e fazer chegar ao distrito, assim como também é de responsabilidade do distrito procurar alternativas para erradicar a prática de termos alunos no chão. E esse tem que ser um esforço em conjunto, todos nós somos fazedores da educação”.

Enquanto isso, o Ikweli entrevistou, recentemente, no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional, Armando Joaquim, membro do partido PODEMOS, que criticou o governo pelo contraste entre as prioridades estabelecidas na gestão do país. 

Segundo Joaquim, é inadmissível que milhares de alunos ainda sejam obrigados a sentar-se no chão por falta de carteiras nas escolas, enquanto o Estado continua a exportar madeira em grandes quantidades. Para este, esta situação demonstra falta de sensibilidade e má gestão dos recursos, prejudicando o futuro das crianças, comprometendo assim, o sector da educação. 

“Não faz sentido que o nosso país exporte toneladas de madeira todos os anos, enquanto as nossas crianças, o futuro da nação, continuam a estudar sentadas no chão. Isso é uma vergonha para todos nós. A criança que vê a madeira a passar e chega na escola senta no chão, como é que ela se sente, é um trauma muito forte”.(Ângela da Fonseca)

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