Nampula (IKWELI) – A província de Nampula, extremo norte de Moçambique, ainda conta com mulheres que continuam a enfrentar limitações para a formalização das suas actividades, tornando assim insustentáveis os seus negócios, uma situação que veio a agravar-se com a passagem dos ciclones e tensões pós-eleitorais.
Com vista a encontrar mecanismos de inclusão e elevação económica, a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) em parceria com o gabinete da esposa do governador de Nampula, juntaram nesta quarta-feira (28), cerca de 100 mulheres afectas aos diversos sectores formais e informais para discutirem estratégias que tem em vista estabelecer um espaço seguro de uma agenda inclusiva para a sua emancipação económica e financeira.
Sob o lema “Forjando caminhos e alternativas para autonomia e resiliência económica das mulheres” o encontro prevê dentre vários objetivos viabilizar o movimento de mulheres na economia local, fortalecendo a rede de mulheres com vista a servir de base para iniciativas autónomas.
De acordo com o director da FDC, Adelino Chirindza as mulheres desempenham um papel preponderante, com destaque na economia familiar, por isso, entende que urge a necessidade de quebrar barreiras que tem a ver com a masculinidade nociva à esta camada social.
“Se formos aos mercados, vamos ver que a maior parte das pessoas que movimentam grandes somas de dinheiro nesses locais são mulheres, nas associações de agricultores, grupos de poupanças, de crédito rotativo, vulgo xitique, são mulheres. E a experiência manda-nos dizer que colocar a mesma quantidade de dinheiro nas mãos de uma mulher tem um efeito multiplicador muito maior do que colocar nas mãos de um homem. A economia será verdadeiramente inclusiva quando as mulheres ocuparem, com dignidade, equidade e poder, todos os seus espaços.”
Segundo Chirindza, para o presente ano, a conferência provincial da Mulher na Economia busca consolidar uma abordagem mais próxima e participativa através de contactos com as realidades locais para compreender as experiências vividas pelas mulheres da província de Nampula e, a partir desse diálogo, construir colectivamente os temas e prioridades a serem levados à Conferência Nacional.
“Estas conferências provinciais são, assim, momentos de diálogo aberto e construção colectiva. Visam reconhecer iniciativas inspiradoras já em curso, identificar entraves persistentes e reforçar alianças multissectoriais capazes de impulsionar mudanças estruturais.”
Por sua vez, a esposa do governador da província, Nazira Abdula, afirma que a mulher continua a enfrentar desafios no que diz respeito a igualdade de oportunidades no mercado do trabalho, acesso ao crédito, formação e a participação nos diversos processos de tomada de decisão.
Por isso, entende que é momento das organizações e o governo tomarem decisões para quebrar barreiras e promover a igualdade.
“Não é apenas uma questão de justiça social, mas uma estratégia inteligente para o progresso regulativo. É fundamental que quando uma mulher tem acesso equitativo de oportunidades, recursos e representação na economia, não apenas transforme a sua própria vida em casa, mas também inspire outras mulheres rumo ao desenvolvimento económico e social das comunidades e do país.” (Ângela da Fonseca)