Nampula (IKWELI) – A gestão da Universidade Lúrio (UniLúrio) está cada vez mais caótica, com projectos de extensão a não correrem como deve ser, orçamentos de projectos devolvidos a parceiros por não execução e docentes não pagos, situação que agora deixa, cada vez mais, preocupados e indignados os estudantes daquela instituição de ensino superior pública.
Cansados, os estudantes decidiram organizar uma marcha de protesto, porque estão, praticamente, há um semestre sem aulas por falta de professores, os quais abandonaram as salas de aula por falta de pagamento de salários.
Na manhã desta segunda-feira (28), os estudantes realizaram uma marcha de reivindicação e declararam ao Ikweli que, desde o ano passado, não têm tido aulas de forma digna, apesar de pagarem as propinas no valor de 4.500,00Mt (quatro mil e quinhentos meticais).
Com apitos, vuvuzelas, panelas, latas e outros objectos barulhentos, os estudantes se concentraram na parte de trás da reitoria da Universidade Lúrio, como forma de reivindicar seus direitos.
Apesar da presença de um contingente policial no local para manter a ordem, segurança e tranquilidade públicas, os estudantes permaneceram firmes e continuaram a gritar: “Paguem os docentes, queremos ter aulas”.
Carlitos Lourenço, estudante do curso de Administração Hospitalar, expressou preocupação com a situação, destacando que a direção da faculdade está silenciosa e não comenta sobre a problemática que afecta os estudantes.
“Estamos aqui para reivindicar nossos direitos. Somos estudantes do regime pós-laboral, estamos pagando as mensalidades e não temos aulas desde fevereiro. Já tivemos várias reuniões com a direção da Faculdade de Ciências de Saúde, mas até agora não vimos resultados. Na última reunião, disseram que a situação seria resolvida até abril, mas até agora nada foi feito”, afirmou Lourenço.
Ele, também, mencionou que na última conversa com a direcção, informaram que estavam no processo de contratação de novos docentes. No entanto, até então, não houve actualizações sobre o andamento dessa contratação, e a direção não forneceu informações claras sobre os próximos passos.
Outro estudante, Cleiton Alberto Xavier, do curso de Enfermagem no regime pós-laboral, relatou que este é o seu segundo ano acadêmico e que teve aulas dignamente por apenas um semestre. “Neste momento, este será o segundo ano a fazer apenas o primeiro semestre, o que não é adequado para o nosso curso. Em cada ano, temos apenas um semestre, o que é muito complicado e desconfortável para nós. Queremos que as coisas sejam vistas de forma geral, para que todos tenham aulas, independentemente do curso”, explicou Xavier.
Eusebia Lopes, estudante do curso de Psicologia, lamentou a situação, afirmando que tanto os estudantes do regime laboral, quanto os do regime pós-laboral estão enfrentando os mesmos problemas de falta de docentes, de estágio e condições precárias de estudo.
“Estudamos em pavilhões em péssimas condições, corremos o risco de sermos picados por mosquitos e contrair malária. Não sei se estou no terceiro ou quarto ano, pois estou desde o ano passado fazendo um semestre e a faculdade não está dizendo nada. Eles estão culpando o Tribunal Administrativo, mas para nós já chega”, desabafou Lopes.
Até o fecho desta matéria, a direcção da Universidade Lúrio não se pronunciou sobre a situação. Na tentativa de ouvir a reitoria, a equipe de reportagem foi informada de que “o chefe não pode falar porque está reunido”. (Malito João)
