Nampula (IKWELI) – Vive-se um clima de medo, terror e insegurança no seio dos moradores da unidade comunal 7 de Abril, zona vulgarmente conhecida por Belenenses antigo, na cidade de Nampula, devido a onda de criminalidade que tende a crescer nos últimos tempos.
Segundo os moradores daquela parcela da cidade de Nampula, desde que iniciaram as manifestações pós-eleitorais, em protesto aos resultados da eleição de 9 de Outubro de 2024, a criminalidade em Muhala Belenense ganhou contornos alarmantes.
Nos dias que correm, os jovens ficam organizados em grupos e aterrorizam os residentes, sobretudo na calada da noite. Para além dos assaltos nas ruas, os malfeitores assaltam as residências e recolhem tudo que encontrarem dentro, para além de protagonizar agressão aos proprietários.
Para inverter este cenário, os moradores daquela zona residencial estiveram reunidos no pretérito fim-de-semana com as lideranças locais para traçar estratégias para o efeito. Das saídas várias soluções, a revitalização do policiamento comunitário foi a consensual.
“Estamos a sofrer muitos assaltos e roubos, então, estamos a pedir a polícia para que nos ajude, para toda marginalidade acabar. Todo mundo está a chorar por causa de roubos”, lamentou António, um morador local.
“Este nosso bairro não é bairro agora, é um bairro de marginalidade. Nós conhecemos onde vive o ladrão, mas não queremos denunciar porque temos medo que o mesmo venha nas nossas casas. Estamos a pedir ao governo para que nos apoie. Estamos mal neste bairro por causa desses criminosos. Até mesmo de dia eles assaltam, usam mascaras, as crianças quando saem da escola são assaltadas”, referiu Amério, outro morador, para quem “uma parte, quando nós capturamos o ladrão e mandamos na polícia não demora de sair, volta e vem nos gozar”.
“Nossos filhos são agredidos. Aqueles que estudam de noite ficam pouco tempo lá, por causa do medo. Quando chegam aqui na mesquita são agredidos, arrancados seus bens incluindo cadernos. A poucos dias minha irmã sofreu assalto na sua própria casa, dizem que queriam dinheiro”, disse uma outra moradora cuja identidade não apuramos.
Para Ana Maria Fausto, “esses que fazem essas coisas são nossos filhos. Mesmo que sejam jovens de outros bairros, quem os trazem são os jovens deste nosso bairro. Nós que temos filhos damos mais forca ao policiamento comunitário, eu estou pronto porque as nossas crianças não conseguem estudar”, disse acrescentando que “nós desejamos até fugir do bairro, mas não temos aonde vamos refugiar. Vamos abandonar do nosso bairro por conta dos nossos filhos, nossos netos, porque eles são filhos desse mesmo bairro. Eu estou a favor para pagar esses policias comunitários”.
“Muitas mães conhecem o comportamento negativo dos seus filhos, mas ao invés de condenar esse comportamento estão a encobrir. Se continuarmos com esse comportamento eles vão abar de nos matar. Desde que começou com a manifestaram eles não pararam com a criminalidade neste bairro, e se continuarmos a não denunciar, vamos passar mal sempre”, lamenta Muachana Abacar.
“É melhor procurar esses policias comunitário e nós vamos ajudar a pagar, porque estamos mal nas nossas casas. Meu filho saiu a poucos dias para escola, criança de 14 anos e foi agredida e espancada, arrancado o telefone dela, foi em casa a chorar. A noite estão a bater nossas portas, não dormimos nas nossas casas, passamos todo o dia a ter medo. Nós que temos meninas passamos mal. Nós não estamos a conseguir essa situação que passamos aqui no Muhala. Belenense de há muito tempo, não é esse que temos agora, hoje é um inferno aqui nos Belenenses, não é aquele Belenense que nós tínhamos”, acrescentou a fonte.
A criminalidade cada vez mais crescente em Muhala Belenense é do conhecimento da estrutura governamental local. Álvaro Alexandre, chefe da unidade comunal 7 de Abril disse que o caso já foi participado nas entidades policiais, concretamente a 2ª esquadra, a quem aprovou a reativação do policiamento comunitário.
“Os moradores estão cansados por causa de marginalidade. Então, eles optaram em nos chamar para podermos escolher policias comunitários para começarem a fazer patrulha. Quando chegamos na 2ª esquadra eles disseram que devíamos prosseguir com a formação desse grupo e junto a nós vamos fazer o trabalho. Assim, já iniciamos”, referiu Álvaro Alexandre.
“A onda de criminalidade aqui piorou quando parou o policiamento comunitário. Havia criminalidade, mas quando parou o policiamento comunitário a situação aumentou. Também aquela manifestação contribuiu na criminalidade. Hoje em dia ver um grupo de três ou quatro jovens, tem que ter medo porque podem te assaltar. O que o povo está a dizer é verdade mesmo. Por exemplo na semana passada houve assalto, crianças quando vão para escola são agredidos, as crianças quando vão para escola são agredidos”, precisou o líder comunitário. (Constantino Henriques)