Nampula (IKWELI) – Mulher com uma parte do rosto desfigurado devido a uma queimadura que ocorreu no mês de Janeiro do presente ano, na cidade de Nampula, região norte do país, mostra-se ansiosa pela recuperação da sua estrutura facial bem como da sua autoestima.
Trata-se de Irica da Fátima Joaquim que aos 28 anos de idade viu o seu rosto desfigurado devido a um incidente que sofreu na sua residência. A mesma conta que tem tido episódios de desmaios devido a uma doença que não quis revelar e, no fatídico mês de Janeiro a má sorte bateu à sua porta e o inesperado aconteceu.
“Eu estava em casa sozinha a cozinhar, de repente comecei a ter crises e cai dentro da panela de feijão manteiga. Fiquei de baixa aqui no hospital durante três meses. Nos primeiros dias eu estava mal, saia bichos, não conseguia comer”.
Um dado não menos importante, é que não foi a primeira vez que a jovem passou por tal situação, as suas vestes escondem cicatrizes de queimaduras que sofreu por conta dos desmaios, mas o que a deixa mais preocupada é o seu rosto, pois vezes sem conta depara-se com situações de preconceito por parte de vizinhos e até de crianças que a chamam de “monstro”. “Me olham com estranheza, me ofendem, as vezes as crianças me fogem chamam-me nomes, dizem que me pareço com um monstro”.
Uma condição que poderá merecer uma atenção do Hospital Central de Nampula (HCN), maior unidade sanitária da região norte do país, que está a levar a cabo uma campanha de cirurgia que tem por objectivo fazer correções de contraturas decorrentes de queimaduras ou uma causa que cria algum grão de deficiência. Trata-se de uma intervenção que terá início no dia 04 até ao dia 08 de novembro do corrente ano.
É por via dessa intervenção, que Irica Joaquim espera ver sua situação resolvida. A jovem conta que teve conhecimento da campanha através de uma amiga próxima.
“Eu quero ficar bonita, limpa, porque já não aguento viver nessa situação, espero mesmo que me ajudem”.
Em conferência de imprensa, havida nesta terça-feira (29), o cirurgião geral do HCN, Hermenegildo Mulenga, fez saber que o anseio do hospital é de operar no mínimo 10 pessoas por dia.
“Durante o fim-de-semana está previsto um processo de seleção. O nosso objectivo não é corrigir estética, o que nós queremos é restaurar a função de partes do corpo que estão desabilitadas em consequência de cicatrização.”
De acordo com a fonte, é a primeira vez que o HCN proporciona cirurgias plásticas a pacientes nessa condição, e o mesmo contará com o apoio de uma equipa de cirurgiões internacionais que trabalha em vários países de África “O que nos falta é habilidade para resolver esse tipo de problemas, por isso, além de beneficiar as pessoas, nós também como cirurgiões locais, vamos integrar a equipa para aprender, temos que nos apropriar desse conhecimento”. (Ângela da Fonseca)