Nampula (IKWELI) – Um grupo de mulheres deslocadas pelo terrorismo em Cabo Delgado dedica-se a venda de comida confeccionada na cidade de Pemba, de forma a garantir o sustento das respectivas famílias.
As mulheres explicam que buscaram abrigo na cidade de Pemba após sucessivos ataques nas suas zonas de origem e que a confecção de alimentos é a alternativa encontrada para garantir a sua sobrevivência.
A título de exemplo, Madalena Sumail foi obrigada a abandonar a sua terra natal no distrito de Macomia, província de Cabo Delgado, por causa da guerra, encontra-se actualmente a viver numa residência emprestada com 9 pessoas, entre crianças e adultos.
“Desde o início da guerra estou nesta cidade e a vida daqui é muito difícil. Para conseguir viver com meus filhos e netos é graças a Deus. Vendo feijão bóer cozido com chima, só assim consigo dinheiro para sustentar minha família”.
Madalena, também, conta o drama que tem vivido, visto que nem sempre há clientes para comprar a comida que confeciona. “Quando não há clientes para comprar nossas refeições o sofrimento é demais. Nós mulheres deslocadas passamos os dias a vender qualquer tipo de produto para assegurar o nosso sustento. Eu vivo numa casa emprestada por pessoas de boa-fé que existem nesta terra, continuarei a fazer o negócio de venda de comida para conseguir comprar minha própria casa e ajudar os meus familiares deslocados”.
Sumail acrescenta que gostava de voltar a Macomia, retomar a prática da agricultura e ainda conserva a esperança de que a guerra termine.
Muhanaquira Juma, outra deslocada de Macomia, foi acolhida numa mesquita por, alegadamente, não dispor de condições financeiras para comprar ou arrendar uma casa. “Faço negócio de venda de feijão e mandioca, essa actividade ajuda a resolver algumas preocupações, mas não chega para a construção de uma casa e, por isso, estou a viver em uma mesquita”.
Juma vive na mesquita há dois anos e clama pelo apoio do governo. “Não temos apoio do governo, desde a nossa chegada a esta cidade, fomos registados pelos secretários dos bairros, alegando que teríamos algum suporte e nada disso aconteceu”.
Esta nossa interlocutora conta que o trauma da guerra permanece em sua mente e a dor prevalece, principalmente pelo facto de ter abandonado a casa e machambas de culturas diversas que servia para combater a fome.
Outra mulher deslocada e acolhida na capital de Cabo Delgado é Sifa Fane, de aparentemente 50 anos de idade, natural do distrito de Mueda, a qual mostra-se preocupada com a guerra e exige a quem de direito que a mesma termine. “Hoje estamos a sofrer com os nossos filhos e outros familiares. Agora estou a viver num alpendre, porque a casa onde fui acolhida encontra-se destruída. Para não ficar isolada, tenho praticado negócio e assim consigo não só dinheiro para a alimentação, mas também fazer parte de grupos de poupança e ajudar os meus filhos e netos”. (Nelsa Momade