Pemba: Desmaios comprometem decurso de aulas na Escola Básica de Mahate

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Pemba (IKWELI) – A direcção da Escola Básica de Mahate, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, denuncia, com preocupação, frequentes registos de desmaios e manifestações por parte de raparigas com idades compreendidas entre 12 e 18 anos, contribuindo negativamente para o processo de ensino e aprendizagem.

O presidente do Conselho da Escola, Alberto Rachide, esclareceu que o registo de desmaios de raparigas no recinto escolar verifica-se desde o princípio do ano passado 2023.

“É verdade que as nossas meninas são vítimas de desmaios e manifestações de espíritos. O problema vem se registando desde o ano passado e até ao momento, uma parte das alunas perdeu a realização de testes. Esta situação compromete a qualidade de ensino dos alunos a nível de toda a escola. Quando registamos esse tipo de casos, temos levado ao centro de saúde mais próximo para que estas crianças recebam tratamentos, mas mesmo assim nada tem se resolvido”, narra.

Rachide esclarece que os membros do conselho directivo associam os desmaios a questões tradicionais, pois “os membros da direcção da escola antes pensavam que os desmaios estavam aliados a fome por parte dos alunos, mas ao longo do tempo foram percebendo que não. Agora cogitamos que esteja associado a questões tradicionais, porque para além de desmaios há manifestações”.

O nosso interlocutor garante que a direcção da escola, em coordenação com os pais e encarregados de educação, irá recorrer a uma cerimónia tradicional para acabar com a situação.

“Registamos entre 5 a 10 desmaios e manifestações de meninas por dia e nós, como direcção, temos acolhido as raparigas e muitas vezes as dispensamos para a casa, de modo a que repousem, mas quando voltam no dia seguinte a situação se repete, por isso, assim que as férias estiverem a decorrer, iremos realizar um ritual para que esses espíritos maus não voltem no terceiro trimestre. Para a realização da cerimónia contamos com a colaboração de alguns pais, encarregados de educação e líderes comunitários, porque, sinceramente, a situação compromete a qualidade do ensino” reconheceu a fonte. 

Sara é revendedora de produtos alimentares nas imediações da escola básica de Mahate, para além de ser mãe e encarregada de educação, entende que os desmaios registados são preocupantes e exige que se faça uma cerimónia tradicional. “Esta preocupação dever ser de todos nós, mas quando acontecem desmaios os alunos acolhem-se entre eles e levam-se a casa sem uso de um meio de transporte. Muitas vezes noto pouca preocupação por parte da direcção da escola nestes casos. É verdade que há paralisação de aulas quando situações do género acontecem e nós, encarregados de educação, exigimos que seja realizada uma cerimónia tradicional, porque só assim pode acabar com os desmaios e as manifestações”.

Na mesma abordagem, pelo menos duas alunas vítimas de desmaios e manifestações foram unânimes em afirmar que a situação acontece no recinto escolar e que um espírito vestido de roupa vermelha as obriga a agir de modo violento com os colegas.

“Por causa de desmaios, as vezes não vou a escola por medo de acontecer algo pior. Quando esse espírito começa, não sei bem explicar, mas costumo ver uma pessoa vestida de roupa vermelha com camisa ou calça. E como minha família sabe disso, as vezes dão-me medicamento tradicional, tipo uma corda que serve para amarar o braço ou têm feito um colar. Que isso não venha acontecer de novo comigo, mas gora minhas amigas estão com esse problema”, disse Nené Baptista de 12 anos de idade e aluna da 5ªcalsse.

Awage Saíde, também aluna daquela unidade escolar, explica que já esteve na mesma situação e que viu o mesmo homem vestido de vermelho. “A última vez que caí na escola foi numa sexta-feira, lembro-me que vi uma pessoa que não consigo identificar a cara e a mesma estava de roupa vermelha. Quando estou nesta situação, dá-me vontade de ir à praia e outras vezes de agredir os colegas que estão perto de mim”. (Nelsa Momade)

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