Maputo (IKWELI) – No segundo e último dia da 1ª Conferência Internacional de Jornalismo Investigativo, as profissionais da classe puderam discutir, em um painel, sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no exercício da profissão.
As oradoras do painel foram unânimes ao afirmar que conciliar trabalho e família, bem como o assédio sexual por parte de alguns colegas, gestores de redacção e fontes são algumas das limitações enfrentadas por mulheres.
Na sua intervenção, como oradora, a jornalista do Ikweli, Ângela da Fonseca, que partilhou os seus desafios nos primeiros anos na profissão, destacou a importância de as mulheres terem companheiros que compreendem as exigências da profissão e, também, de terem gestores que percebem e respeitam as especificidades de ser mulher.
Segundo contou, “já passei por situações em que tive de trabalhar com o meu filho no colo, isso porque não tinha com que deixá-lo. Lembro-me de um dia em que, contactamos uma fonte para entrevista, e a mesma pediu que a entrevista acontecesse no domingo. Naquele momento surgiram dois entraves, o primeiro era como é que nos faríamos ao local sem transporte, uma vez que o motorista da instituição trabalhava apenas de segunda a sexta-feira”.
Ela prosseguiu, contando que “o segundo tinha a ver com o meu filho, que na altura tinha apenas nove meses, em pleno domingo não teria com quem deixá-lo, mas, entretanto, o entrave foi resolvido em um piscar de olhos, isso porque o nosso facilitador, Rui Lamarques, decidiu que iria levar a equipa ao local da entrevista e que, na altura, disse ainda que não havia nenhum problema em me fazer ao ponto indicado com o meu bebé”.
Trata-se de uma experiência da qual a jornalista e jurista Célia Claudina identificou-se, uma vez quando exercia a profissão teve que interromper a amamentação do seu filho aos 8 meses de vida.
Por seu lado, a jornalista e editora central da Radio Moçambique que, também, lidera uma organização de defesa das mulheres jornalistas, Jacinta Nhamitambo, defendeu que é preciso que as mulheres jornalistas continuem a lutar por mais espaços nas redações e mais oportunidades de formação e especialização em matérias que actualmente são consideradas somente para a cobertura pelos homens.
Por outro lado, a defensora dos direitos humanos e directora executiva do Fórum das Rádios Comunitárias, Firoza Zacarias, deu a conhecer que no âmbito das actividades da organização que dirige têm promovido uma maior inclusão de mulheres nas redações ao nível das rádios comunitárias. (Adina Sualehe, em Maputo)