Namicopo “rende-se” à Hanane

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Nampula (IKWELI) – Os jovens do bairro de Namicopo, cidade e província de Nampula, dizem-se gratos a pessoa que Abdul Hanane foi e descrevem-no como herói daquele bairro, pelo facto de, em vida, dedicar-se em acções visando o desenvolvimento harmonioso daquela circunscrição geográfica, antes marginalizada.

Abdul Hanane perdeu a vida no dia 28 de Maio do ano em curso, vítima de doença. Em vida, Hanane foi um promotor inquestionável das actividades desportivas na província de Nampula. Durante vários anos, desempenhou as funções de presidente e treinador do Benfica de Nampula, mais tarde viria a ser um catalisador do desporto motorizado no bairro de Namicopo, para além de ter criado a Associação Provincial de Treinadores de Futebol de Nampula, e, nos últimos dias da sua vida, foi membro da Assembleia Municipal da cidade de Nampula, pela bancada do partido Frelimo.

Aliás, ainda em Namicopo, onde se localiza um campo de futebol que ficou conhecido pelo seu nome “waHanane/no Hanane, notabilizou-se como promotor de eventos artístico-culturais.

Especificamente ao desporto motorizado, com um horizonte para uma prática legal da actividade, Abdul Hanane avançou com a sua legalização, criando, mesmo nos últimos tempos de sua vida, a Hanane Speed, SU, para além de, antes, ter criado o clube 050.

Para os jovens moradores de Namicopo, sobretudo, Abdul Hanane revolucionou aquele bairro que antes era marginalizado como sendo um ponto em que as pessoas vivem apenas praticando a criminalidade.

Por essa razão, e para manifestar sua gratidão a ele, no passado sábado foi organizada uma cerimónia em memória ao mister dos misteres, Abdul Hanane. O evento teve palco montado no maior recinto desportivo de Namicopo, campo “waHanane”.

A cerimónia consistiu, para além da leitura de mensagens, momentos culturais e corrida de motorizada, e contou com a presença de muito público, na sua maioria residente daquela parte da cidade de Nampula.

“Falar do senhor Abdul Hanane Ussene é mesmo falar de um pai, amigo, irmão, professor da educação e desporto. Abdul Hanane para nós sempre foi um pai e conselheiro e muito mais do que podemos imaginar, o pai Hanane, significava uma pessoa muito importante para o nosso clube 777 e nossas vidas particulares, ele sempre nos mostrou amor, carinho e dedicação”, referiu o clube designado por 777, apresentada pelo piloto vulgarmente conhecido por Maza.

“Nos ensinou para que sejamos humildes e fortes para desenvolver o nosso desporto de motorizada, ele mostrou para as pessoas que Namicopo tem talento e que tudo é possível. O pai Hanane esteve em frente de todos os problemas no desporto e nas nossas vidas pessoais”, prosseguiu.

A mensagem da 777 prossegue instando aos outros clubes para continuarem unidos e aprimorarem os ensinamentos do malogrado.

“Espero que levem em consideração todos ensinamentos que ele nos deu, e realizar aquilo que era o seu sonho de fazer crescer o nosso desporto, porque ele ainda esta nos nossos corações”, disse.

O clube 94, também, descreve Hanane como um pai, irmão, amigo e professor. “Hoje passam 45 dias sem ti pai, choramos, choramos, pois não podemos te abraçar e dizer-te o quanto foste especial e um pai para nós”, começou por dizer a turma da 94.

“Em vida Hanane foi um pai para todos cá presentes, pois ele sabia dar a mão a quem precisava, dar um puxão de orelha quando era necessário que na altura era impossível entender, mas hoje conseguimos entender que ele fazia aquilo por amor, pois queria nos preparar para as surpresas da vida. Hoje, o pai Hanane não está aqui entre nós, mas nós estamos, queremos mostrar a nossa eterna gratidão por nos tornar homens mais fortes, determinados, sem medo de errar para aprender”, refere a mensagem dos 94.

“Pai Hanane, palavras nos faltam para expressarmos gratidão que temos por si, a sua partida deixou um vazio tão grande nos nossos corações. Não podemos prometer que seremos como o senhor, mas prometemos dar o nosso melhor para manter o legado”, frisou.

Para o clube 050, “Abdul Hanane era um líder natural e um mestre na arte de encorajar e motivar os jovens. Ele acreditava que o desporto poderia mudar a vida deles para melhor, proporcionando-lhes um caminho para longe das ruas perigosas e levando-os a uma vida mais saudável e ativa”.

“Todos os jovens que tiveram a sorte de conhecê-lo e trabalhar com ele lembram-se do amor e da dedicação que ele possuía em relação ao desporto e, acima de tudo, em relação a eles. Ele foi um mentor, um amigo e um pai para muitos, deixando uma marca indelével no coração e na alma dos jovens do bairro de Namicopo”, prosseguiu a mensagem de 050.

Para aquele clube, “Abdul Hanane pode ter partido, mas o seu legado vive através dos mais jovens que ele ajudou a inspirar e a orientar. Ele será sempre lembrado como um grande herói que fez a diferença na vida de tantas pessoas e na comunidade em ele vivia”.

Na sua mensagem, os músicos de Nampula, presentes no evento, também descreveram a figura de Hanane, como um amigo verdadeiro e de um espírito gentil. “Ele sempre tinha um sorriso acolhedor e palavras de encorajamento para oferecer a quem precisasse. Sua presença era como um raio de sol em nossos dias mais sombrios, e sua partida deixa um vazio imensurável em nossos corações”, consideram os músicos.

“Hoje, enquanto lamentamos a sua perda, também celebramos a dádiva que foi tê-lo em nossas vidas. Que sua música (quem não chora não mama) continue a nos guiar, consolar e inspirar, como uma lembrança eterna de sua alma brilhante e seu legado duradouro”, precisou a mensagem dos músicos.

“O mundo perdeu um grande homem e nós perdemos o melhor ser humano que conhecemos e tivemos o prazer e orgulho de chamá-lo de pai”, começaram por dizer os filhos do mister Hanane, numa mensagem.

Filhos de Abdul Hanane

“Papá, escrevemos-lhe com o coração apertado e os olhos cheios de lagrimas, porque exactamente hoje faz um mês e 17 dias que papá se foi. E a saudade que sentimos é imensa e dolorosa. Papá sempre tentou nos preparar para sua ida, mas nunca foi suficiente, porque na vida nada nos prepara para o momento que temos que nos despedir de alguém que amamos, papá se foi no momento que nem se quer esperávamos, deixando um vazio e vários porquês. Porquê papá? Porquê papá se foi? Porquê é que partiste? Porquê nos deixaste? Se eras o homem mais forte, mais cheio de vida? Porquê? Porquê? Mas nenhum desses porquês tem resposta”, lamentaram os meninos do “cota” Hanane.

“Sentimos tanto orgulho de tê-lo como pai e muito lisonjeados, porque o seu nome será sempre lembrado e exaltado pelo bom homem que foste, tão generoso, batalhador, tão inspirador e conquistador”, disseram, acrescentando que “o seu legado é imenso, foram muitos ensinamentos que nos passou e pelos quais estaremos sempre gratos e tentaremos continua-lo para que dai onde estás estejas orgulhoso daquilo que nos tornamos”. (Constantino Henriques)

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