Professor considera 45 minutos insuficientes para administrar uma aula inclusiva

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Tete (IKWELI) – Em Julho de 2010, o Governo de Moçambique concebeu três Centros de Recursos de Educação Inclusiva (CREI), regionais, para servir de laboratórios de educação inclusiva por forma a desenvolver experiências que podem ser replicadas em escolas regulares.

Contudo, Lucas Mainato, professor de educação física e história de alunos com necessidades especiais auditivas, localizado na província de Tete, região centro do país, considera que o regime de 45 minutos não é suficiente para administrar uma aula inclusiva, uma vez que as turmas albergam crianças com e sem deficiência.

Mainato disse ao Ikweli que os alunos com necessidades educativas especiais quando devidamente acompanhados podem desenvolver as mesmas habilidades que os normais, entretanto, a carga horária de 45 minutos não tem sido suficiente.

“Não só como não são suficientes, como também carecem de material didáctico em língua de sinais para facilitar o processo de ensino e aprendizagem”, revelou Mainato.

“Nós estamos a usar um dicionário ultrapassado em que alguns sinais não são usados na conjuntura mundial há anos. Ouvi dizer que elaborou-se um novo dicionário, mas já passa três, quatro anos e nós não temos esse dicionário e não tem sido fácil, por exemplo numa aula de história, geografia e química falar de enxofre em língua de sinais, por vezes usamos exemplos concretos que aproximam a realidade, ou seja, os 45 minutos não são suficientes”

Durante a entrevista, Mainato pediu ao governo a formação de professores qualificados e que saibam trabalhar com os alunos com necessidades.

“Pedimos a promoção de mais seminários, sobretudo nos CREI´s, porque nós estamos a receber professores sem nenhuma capacitação e sem noções básicas em língua de sinais. Quando eles chegam são dados uma pequena indução, mas não basta”.

Professor de língua de sinais na disciplina de história há sensivelmente uma década, Mainato partilhou que antes de abraçar o desafio trabalhou com assuntos relacionados com a educação física.

Desde então, Lucas Mainato tem-se deparado com uma situação real do que é verdadeiramente ser um professor.

“Estou há dez anos a dar aulas a alunos com necessidades educativas especiais, mas até hoje, quando entro na sala de aulas para ensinar meu coração bate, porque o próprio aluno te obriga a explicar com A mais B e você como professor aquela palavra que não tem sinal deve procurar dar exemplos que aproximam a realidade e quando não explica em sinais ele zanga, não é uma tarefa fácil e sem material é difícil”.

Sem adiantar números, a nossa fonte fez saber que há registo de professores que decidiram abandonar o centro por se acharem incapazes de lidar com turmas mistas.

Importa lembrar que, para a região centro do País, foi aberto em 2013 um CREI na província de Tete com objectivo de formar professores qualificados para ensinar alunos com necessidades especiais, contundo, não avançou por falta de condições.

Actualmente recebe crianças com necessidades educativas especiais oriundas da Zambézia, Sofala, Manica. (Ângela da Fonseca)

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