Nampula (IKWELI) – A província de Nampula, nem conseguiu recuperar o quarto lugar conquistado na última edição do festival nacional dos jogos desportivos escolares realizados em Manica, pois na edição deste ano terminada no pretérito fim-de-semana, caiu para a inesperada 7ª posição, na classificação geral.
Até porque Nampula foi quem organizou a competição, mesmo assim não teve argumentos para contrariar as investidas das províncias adversária, tendo acabado por conquistar apenas uma medalha de ouro, graças a heroicidade dos meninos do basquetebol, fortemente orientados pelo mister Quitério, contribuindo para que aquela considerada província mais populosa de Moçambique terminasse, pelo menos, em 7º lugar com 75 pontos.
Para além da medalha de Ouro, a mais populosa província de Moçambique conseguiu, nas modalidades colectivas, uma medalha do terceiro lugar no futebol masculino.
A XV edição do festival nacional dos jogos desportivos escolares foi ganha, de maneira absoluta, pela delegação da província de Gaza, com um total de 125 pontos, seguida pela província de Tete com 121 pontos. O último lugar do pódio ficou a província de Manica com 109 pontos, amealhados.
Pouco tempo de preparação das equipas foi um dos pecados de Nampula
Os técnicos de Nampula, ouvidos pelo Ikweli, lamentam a fraca prestação da província e consequente descida do quarto para o sétimo lugar na tabela classificativa. Para eles, a demora na identificação dos atletas para as selecções províncias, bem como a falta de criação de condições de trabalho reflectiram no fracasso da província.
“A sensação que tenho é de missão cumprida, diante de muitas dificuldades, mas nunca me rebaixei, sempre continuei em frente, sempre o foco foi de vencer a cada jogo, abordar a cada jogo, nunca desprezava ao adversário, sempre a pensar no próximo jogo imaginando que os meus colegas estavam a ter péssimos resultados, então era necessário sentar com os miúdos, aconselhar, pensar o amanhã. Portanto, tivemos aquele sonho de campeão, e tive a sorte de ter um grupo muito coeso que sempre permaneceu junto até o final deste festival”, disse Quitério Américo, treinador do basquetebol masculino.
“É muito triste e lamentável. Na minha opinião não houve ajuda, não houve controlo, uma falta de organização muito sensível. Nós professores arrastamos, se for a ver quem teve algum sucesso teve gastos exorbitantes, eu nem quero falar sobre isso. Eu pessoalmente dei a minha vida por isso, foi aquela coisa de amor a mim mesmo, eu vivo o desporto na verdade, é isso que me alavancou até aqui. Se eu dependesse mesmo, esquece, não havia de conseguir isto. Então é isso que falhou”, lamentou Quitério Américo.
Segundo acrescentou, “não tivemos material durante a preparação. Tu não vais fazer nada sem material. Esse é o primeiro ponto, não vou falar que devo ser agradado em alguma coisa, uma remuneração, embora isso sim, mas se não tens material, esquece, não vais trabalhar, se não tens o local de trabalho, esquece”.
Para Santos Pereira, treinador de xadrez da delegação de Nampula, “é normal a posição que a província ocupou porque foram vários factores. Mas acredito que a província de Nampula está de parabéns da maneira como foram organizados os jogos. Os jogos escolares é uma festa, não podemos reparar só nos troféus, mas se estivéssemos ainda bem preparados, ou podíamos manter o nosso quarto lugar até podíamos superar tendo em conta que os jogos foram cá na província de Nampula”.
“Tivemos uma fraca preparação a partir da base, a fase provincial foi há poucos meses, se calhar influenciou um pouco, os atletas que vieram dos distritos tiveram um pouco contacto com os outros. Portanto, vários factores influenciaram, o fraco treinamento se calhar motivou a fraca prestação de Nampula, mas em termos de organização estamos de parabéns, até nem esperávamos essa posição que temos tendo em vista a maneira como estivemos preparados na véspera do arranque, mas acredito que estamos de parabéns”, entende Santos Pereira.
A lamentação é também de Mário Raul, técnica de ginástica. “Eu acho que o grande motivo foi o tempo de preparação, começamos a preparar há dois meses e não foi possível nos encontrar, os atletas que vinham dos distritos estavam alojados no centro a sensivelmente 15 quilómetros e nem sempre conseguíamos treinar em conjunto e isso ditou-nos o fracasso”.
No entender daquele profissional de educação, “das próximas vezes eu acredito que os organizadores, os nossos responsáveis, temos que começar mais cedo. A partir de já temos que começar a organizar o próprio material porque nesta edição tivemos material nos últimos dias que nem os próprios atletas não tinham se familiarizado com o material, mas fizemos de tudo para estarmos onde estivemos, mas o tempo foi muito curto e o material também chegou muito tarde”.
Benjamim Albino, treinador de futebol masculino falhou alcançar a grande final da modalidade pois perdeu para Gaza, em jogo das meias-finais. Ao Ikweli, o mister Benjamim precisou que se não fosse o pouco tempo de trabalho com a equipa, Nampula sairia a sorrir na modalidade de futebol que alcançou apenas o terceiro lugar.
“O primeiro erro foi a preparação tardia. Os treinadores tiveram acesso a preparação apenas três semanas, como treinos colectivos táticos, por isso o resultado está aqui, algumas equipas não tinham se encontrado. Para o futebol nem tivemos jogos de controlo, mas o futebol tentou lutar até o terceiro lugar e o basquete teve sorte porque o colega tem um núcleo que ele movimenta a nível da cidade, fez uma mistura com os atletas do distrito e com a capacidqd3 do treinador conseguimos o primeiro lugar no basquetebol”.
“Sabemos onde falhamos”, directora provincial da Juventude, Emprego e Desportos
Quinita Mendiate, Directora Provincial da Juventude, Emprego e Desporto de Nampula, desdramatizou a alegada má prestação da província no XV festival dos jogos desportivos escolares, pois o mais importante é a consolidação da unidade nacional.
Por outro lado, frisou que os erros que a província cometeu para não alcançar os objectivos inicialmente traçados, que consistiam pela conquista de maior número de medalhas, foram identificados e que serão trabalhados com vista a melhor prestação de Nampula, nas próximas edições.
“Em termos de prestação da província, todos nós queríamos, não só equipa organizadora, equipa técnica da nossa delegação, antes queríamos ver todas as taças a ficarem connosco aqui em Nampula, trabalhamos para isso, mas infelizmente, no desporto é assim, há coisas inesperadas que vão acontecendo e o resultado é este. Não conseguimos tudo que almejávamos, mas também não deixamos sair tudo. No basquetebol masculino fomos vencedores invictos, do primeiro ao último jogo não perdemos com ninguém, no voleibol tentamos lutar mas acabamos também escorregando, no futebol feminino fiamos na terceira posição, tivemos oito medalhas no atletismo, sendo delas uma foi de ouro, duas de prata e outras de bronze, tivemos uma medalha de prata nos jogos tradicionais, então lutamos, mostramos que estivemos aqui, mas porque os outros se prepararam da mesma forma que estávamos nos preparar, deu no que deu, mas foi um bom festival”, anotou Quinita Mendiate.
“Nós nos preparámos da melhor forma, vocês foram acompanhando que estávamos nos preparar da melhor forma possível para ficarmos com tudo, mas o desporto é isso, todos nós começamos com um desejo, mas pelo caminho vamos ficando em terra. O desporto é isso, se não há um vencedor nunca terminariam os jogos escolares. Então, nós fizemos e estamos com um sentimento de missão cumprida, apesar de não ser tudo que nós queríamos, mas lutamos e não deixamos sair tudo, em algumas coisas ficamos”, prosseguiu.
“Vamos trabalhar, anotamos os erros, sabemos onde falhamos, então vamos trabalhar nisso para daqui a um ano mostrar que os quatro anos não foram tão suficientes porque tivemos paragens, então para recomeçar de zero, logicamente que alguma coisa havia de falhar, mas assim que vão continuar as competições, vamos nos preparar da melhor forma para o próximo festival”, prometeu a dirigente.
O segredo do sucesso dos outros
A província de Tete terminou em segundo lugar na XV edição do festival dos jogos desportivos. Na edição anterior Tete ocupou a 9ª posição. Conseguir este feito, segundo Pedro Sapanje, director provincial de Educação de Tete, a província preparou com afinco a edição recentemente terminada, contando com o envolvimento cerrado de diferentes intervenientes daquele território.
“É o segundo lugar justo para nós que somos da delegação de Tete, como na edição passada estávamos em nono lugar, nos preparamos melhor, também com a orientação de sua excelência governador Domingos Viola, deu-nos mais força para sairmos do nono lugar para segundo lugar. Achamos que estamos de parabéns, a província está de parabéns e essas taças que arrecadamos é esforço de sua excelência governador da província, um jovem impulsionador do desporto na província de Tete”, começou por dizer o timoneiro da educação, em Tete.
“O segredo é escolher o melhor dos melhores atletas para vir apresentar nessa fase nacional do desporto escolar. Iremos ainda continuar a incentivar o desporto escolar a partir da escola, a partir da Zip, do distrito de modo a escolhermos os melhores atletas para a próxima edição”, prosseguiu.
Para Ferrão Bernardo Pambo, Director Provincial de Gaza, campeã absoluta, o segredo da vitória residiu, acima de tudo, da entrega dos professores e dos próprios alunos daquela parcela moçambicana.
“Esta conquista é fruto de trabalho dos professores, os técnicos dos nossos alunos, das nossas escolas que desde o princípio que lançamos o projecto de jogos escolares em Março de 2023 acreditaram e trabalharam. Então, dedicamos esta vitória a população da província de Gaza, dedicamos particularmente sua excelência governadora da província que, desde a primeira hora acarinhou o projecto dos jogos desportivos escolares na nossa província, nos apoiou, esteve sempre connosco. Então, foi um trabalho, acreditamos a cada jogo até o último minuto do apito do árbitro”, disse.
“Nos jogos de Manica nós terminamos na quinta posição e o nosso objectivo nestes jogos escolares era continuarmos a trabalhar no sentido de ocupar os lugares do pódio, mas continuamos a trabalhar, o que nós queríamos mesmo era o ouro, e é isso que nós levámos para a província de Gaza, para a felicidade da população da província”, prosseguiu acrescentando que “ as nossas escolas têm a responsabilidade de continuar a trabalhar, os nossos alunos, pais e encarregados de educação que sempre nos acarinharam e dispensaram seus educandos para actividades desportivas, acreditamos que com este troféu vão mais abrir e acreditar a necessidade e importância de nós praticarmos o desporto, pelos seus valores que para além de ser recreação, mas os valores de solidariedade”.
Adriano Maleiane insta aos clubes nacionais a valorizarem os talentos saídos no XV festival
As cerimónias de encerramento da XV edição dos jogos desportivos escolares foram dirigidas pelo Primeiro Ministro moçambicano, Adriano Maleiane. Na ocasião, Maleiane destacou a importância daquele tipo de evento, principalmente na consolidação da Unidade Nacional, para além da própria descoberta de talentos.
No XV festival, a semelhança de outras edições, muitos meninos exibiram seu talento desportivo, pelo que Adriano Maleiane insta aos clubes nacionais a valorizar esses talentos dando-lhes oportunidades nas suas agremiações.
“Este evento constitui um verdadeiro espaço de exposição do talento desportivo dos nossos alunos, demonstrando desta forma o elevado potencial de atletas de várias modalidades que o nosso país possui que a breve trecho poderão integrar diferentes clubes federados e quiçá seleções nacionais”, almeja o Primeiro Ministro.
“Tomamos esta ocasião para apelar aos clubes e as federações desportivas nacionais a prosseguirem com o trabalho de valorização destes talentos desportivos, criando oportunidades para a sua inserção em jogos de alta competição”, apelou o PM.
Por seu turno, Manuel Rodrigues, governador de Nampula, na qualidade de anfitrião, destacou a necessidade dos talentos não abandonar com os estudos. Aliás, o governante enalteceu a importância dos festivais dos jogos escolares como um palco para novas amizades e o reforço da Unidade Nacional moçambicana. (Constantino Henriques)