Nampula (IKWELI) – Algumas famílias residentes no distrito de Rapale, província de Nampula, entendem que a introdução de raparigas antes dos 18 anos de idade aos ritos de iniciação, pode influenciar no aumento de casos de uniões prematuras e gravidezes precoces.
O senhor José Fernando é uma das fontes que conserva este receio, comentando que “temos meninas de 13 anos de idade que passam pelos ritos de iniciação e muita das vezes o resultado é negativo”, pois quando as meninas estão neste processo ainda cedo as informações ou as mensagens deixadas pelas matronas e as suas madrinhas, nalgum momento, concorrem para a ocorrência dos casamentos e gravidez não desejada antes da idade, dai que de várias maneiras acabam prejudicando o desenvolvimento da menina”.
Esta nossa fonte encara como sendo constrangedor uma união prematura e/ou uma gravidez antes da idade, por isso apela maior vigilância sobre a curricula dos ritos de iniciação.
“Quero apelar aos outros pais que ainda tem a ideia de submeter as suas filhas aos ritos de iniciação para que observem as idades das suas filhas, o governo e as organizações da sociedade civil continuem a trabalhar nas zonas e comunidades onde estas situações acontecem, porque a união prematura continua a matar o sonho de muitas meninas”, disse Fernando.
Pilale Amade, também, residente em Rapale, partilha o mesmo posicionamento e preocupação do senhor Fernando, recordando que “a situação de uniões prematuras acontece na altura em que as raparigas regressam dos ritos, dai que demonstra-se que as mensagens transmitidas durante o processo de crescimento têm sido preocupantes e é preciso que as matronas observem estas informações e tracem a idade mínima para este processo”.
Ancha Selemane, que também vive no distrito de Rapale, não faz uma ligação directa entre os ritos de iniciação e as uniões prematuras e/ou gravidezes precoces, mas anda preocupada com o fenómeno, por isso “os líderes comunitários são chamados e assim como toda a sociedade civil para combater os factos que interferem no progresso das mulheres e de modo particular as meninas”.
Matrona há 20 anos, a senhora Catarina Paulo, também, entende que deve-se observar uma idade mínima para as raparigas serem submetidas aos ritos de iniciação, por entender que logo após este cerimonial tem acontecido muitas uniões prematuras.
“A nível da província de Nampula, temos uma associação das mulheres rurais e este grupo de conselheiras é composta por 10 mulheres que trabalham noutros distritos”, disse, explicando ser trabalho da agremiação “aconselhar as meninas depois da primeira menstruação”. (Nelsa Momade *Foto ilustrativa)