Nampula (IKWELI) – Um menor de 10 anos de idade, órfão de mãe, que residia no distrito de Murrupula, viu-se forçado a abandonar a casa do pai, alegadamente por maus tratos protagonizados por este e a sua actual esposa.
Igualmente, quando recorresse a outros parentes do lado paterno, o tratamento era o mesmo, por isso fugiu para a cidade de Nampula para procurar pelos parentes maternos, na tentativa de poder ter algum conforto.
“Minha mãe já morreu, há dois anos, por isso passei a viver com o meu pai e a minha madrasta, mas eles vivem no distrito de Murrupula, estou aqui porque meu pai, sempre que bebesse, me batia. Às vezes, eu ficava sem comer, quando tentava recorrer à casa da minha tia, irmã do meu pai, também me expulsavam, ameaçavam matar-me, porque a minha presença lhes incomodava, eu acabava fugindo. Já que ninguém mais me precisa, porque minha mãe perdeu a vida, achei melhor pedir ajuda nesses transportadores de chapa-100, para ver se posso conseguir localizar a família da minha falecida mãe, se calhar eles podem me acolher, mas até agora não consigo encontra-las”, conta o menor.
O menor conta que antes da sua mãe perder a vida, o seu pai nunca o aceitou como filho. “Desde há muito tempo, meu pai nunca me aceitou como filho dele, assim que a minha mãe perdeu a vida, foi um dos motivos de me maltratar, as vezes a esposa não me dava de comer, mas sempre era obrigado a fazer trabalhos de casa, quando meu pai voltasse donde bebia, batia-me, mesmo sabendo que não fiz nada, por isso preferi fugir de casa, pedindo boleia aos transportadores”.
O menino disse, ainda, que era espancado pelo pai e madrasta que acusava a falecida mãe de ser feiticeira. “As vezes a minha madrasta, também, me batia e chegava a insultar a minha mãe, dizia que minha mãe morreu porque ela era feiticeira, e quando eu contava para o meu pai, ele não acreditava, acabava por me bater. As vezes falava que não tinha direito naquela casa, então tinha que sair, não só, também falava que estava a destruir o lar dele”.
Já na cidade de Nampula, enquanto não localiza os seus parentes maternos, o menor vive de esmola na rua. (Virgínia Emília)