Mulheres que trabalham em gasolineiras “escapam” diariamente ao assédio sexual

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Nampula (IKWELI) – Assinala-se a 7 de Abril corrente o dia da mulher moçambicana, momento em que diversas esferas e frentes da sociedade juntam-se para reflectir e exigir o cumprimento rigoroso dos direitos das mulheres.

Na cidade de Nampula, relatos de violação dos direitos das mulheres são frequentes, sobretudo na perspectiva de violência baseada no género sob as suas diversas formas, como a violência sexual, física e psicológica.

Para trazer mais elementos reflectivos na data, o Ikweli abordou um grupo de profissionais de mulheres que desenvolve actividades em sector sensíveis, como é o caso de frentistas, com destaque para as sobejamente conhecidas por “bombeiras” em estações de abastecimento de combustíveis na cidade de Nampula.

A maioria delas denuncia ter sido vítima de assédio sexual, tanto pelo patronato, assim como pelos clientes.

“É um desafio estar a trabalhar em uma bomba de abastecimento de combustível, fazer o turno da noite é difícil e de qualquer forma consigo ultrapassar esta dificuldade e no final do mês ganho um dinheiro que suporta minimamente as minhas despesas”, comenta a frentista Neusa António, que trabalha em uma estação de abastecimento de combustíveis na cidade de Nampula.

Esta fonte dá a conhecer que “o assédio sexual é frequente, maior parte dos clientes homens nos consideram e olham as mulheres nesta actividade como trabalhadoras de sexo, tem sido frequente os homens nos aliciarem quando vem abastecer as suas viaturas”.

“Uma vez fui dita que gostei de você somente para fazer sexo”, recorda a nossa interlocutora, que prossegue comentando que “perante esta situação é preciso que a mulher se posicione e não aceite estas práticas e porque todas as mulheres que fazem este trabalho passam por isso, não somos privilegiadas e nem prestigiadas, ainda continuo nesta actividade porque necessito de dinheiro para terminar a minha licenciatura”.

Vânia Paulo, outra frentista entrevistada pelo Ikweli, narra que nunca sofreu assédio sexual, mas diz-se preparada para lidar com o fenómeno, pois o seu interesse é com o trabalho, pois “sinto-me feliz em fazer deste trabalho”.

A frentista Domingas, que trabalha numa bomba de abastecimento há 3 anos, comenta que “como mulher, pela primeira vez a trabalhar neste local foi um desafio, porque é um trabalho duro que precisa de muita responsabilidade e dedicação, actualmente não trabalho como frentista porque estou na área interna e mesmo o assédio é menor no meu caso”.

“As mulheres devem correr e procurar um trabalho e se destacar em vários ramos para que possa sair da dependência do seu parceiro ou familiar, é preciso ser profissional para cortar o assédio”, recomenda Domingas.

Frentista há 2 anos, Carina Lopes comenta que “olhei esta actividade como única alternativa para a minha subsistência e inserção no mercado de trabalho, para uma mulher o maior desafio é fazer turnos e sofrer do assédio sexual”.

Quem, também, falou da situação das mulheres é João Leonel, gerente de uma estação de abastecimento de combustíveis na cidade de Nampula. (Nelsa Momade)

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