Nampula (IKWELI) – Um indivíduo praticante da medicina tradicional, com sede no bairro de Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula, encontra-se sob custódia policial, vendo o sol aos quadradinhos nas celas da 1ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), indiciado de ter violado sexualmente uma menor de 12 anos de idade que procurava pelos seus serviços.
Segundo apurou o Ikweli, o acto teve palco no mês de fevereiro do corrente ano e a menor padecia de uma doença que não encontrava solução na medicina convencional.
O indiciado nega as acusações e conta que foi tramado por um grupo de jovens. “Fui chamado por uma família em Namicopo e porque eu tenho trabalhado muito por causa do tratamento da medicina tradicional e ganho dinheiro por isso, então quando fui na casa da senhora que me acusa de violar a filha viu-me com o dinheiro que tinha nos bolsos e queria aproveitar do mesmo”, explica o curandeiro.
Esta fonte prosseguiu referindo que “na casa daquela senhora havia muitos rapazes, jovens, estes ajudaram com que eu fosse preso porque tinham a intenção de apoderarem-se do valor de 10.000,00Mt (dez mil meticais) que estava comigo. O meu trabalho é simples, curar através da medicina tradicional, ainda mais, fui agredido fisicamente pela população”.
Por seu turno, a mãe da vítima mostra-se inquieta e exige aos órgãos de administração da justiça o cumprimento da lei.
Nilza Chaúque, porta-voz da PRM em Nampula, revelou que o acto ocorreu na ausência da encarregada de educação da menor e o jovem curandeiro aproveitou-se da ocasião para lograr os seus intentos.
“Na área de jurisdição da 3ª Esquadra foi detido um cidadão por crime de actos sexuais com menores e ainda este indivíduo é curandeiro que teria sido solicitado para um trabalho em uma residência, este, obrigou a menor a manter relações sexuais, dai que a vizinhança apercebendo desta prática teria agredido este curandeiro e foi encaminhado ao Hospital Central no sentido de receber cuidados médicos, mas neste momento encontra-se detido e sob nossa custódia”, esclarece Chaúque.
Entretanto, o Presidente Provincial da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), em Nampula, Evaristo Gonçalves, entende que há muitos jovens em Nampula que se revestem de médicos tradicionais para lograr os seus intentos.
Para o caso de violação ocorrido no bairro de Namicopo, Evaristo disse que desconhece o acusado. “Desconheço este médico tradicional e preocupa-nos pelo facto de ter perpetrado a violência, então as regras de um praticante da medicina tradicional é de seguir a lei, como estabelece o Boletim da República, e quando viola é punível, lembrando que em 2019, igualmente, foi registado um caso de violência sexual envolvendo um curandeiro no bairro de Namicopo e este era membro da AMETRAMO, dai que este foi responsabilizado pelo acto cometido porque a violência é um crime”. (Nelsa Momade)