Nampula (IKWELI) – Os jovens moçambicanos são chamados a participar de forma activa nos processos democráticos em todos os níveis, por forma a garantir que se tornem líderes na promoção activa da tomada de decisões para o progresso do país, por meio de iniciativas práticas que incentivem a transformação social.
Para o efeito, foi lançado recentemente na capital do norte do país, Nampula, um projecto denominado “Sou Jovem”, que visa capacitar os jovens para o uso de abordagens e ferramentas inclusivas ao mobilizar e trabalhar com outras camadas juvenis em contextos de crise.
Trata-se de um programa implementado pela Plan International, em parceria com o Centro de Desenvolvimento e Direitos Humanos (CDD), que tem seleccionadas, um total de 45 organizações lideradas por jovens que estarão unidos para lutar nos próximos três anos. O mesmo pretende atingir mais de 26 mil jovens em todo o país, incluindo jornalistas, atletas, artistas e representantes governamentais.
O coordenador de programas do CDD, Américo Maluana, explica que uma das vertentes do projecto envolve a actuação no sector da indústria extractiva, portanto espera que os jovens nas regiões hospedeiras de projectos de mineração possam contribuir significativamente para a protecção de seus direitos.
“O que nós pretendemos essencialmente é dotar os jovens das 45 organizações seleccionadas para fazer parte do projecto de ferramentas para que elas possam impactar positivamente as suas comunidades e melhorar os seus as suas acções de advocacia a nível local para que todas elas sejam feitas numa perspectiva da base para o topo. É mesmo um programa de empoderamento das associações juvenis para que elas possam maximizar o seu potencial e fazer com que as suas iniciativas em termos de advocacia sejam mais eficazes”, explicou.
Por outro lado, Maluana disse ainda que “Sou Jovem” pode ser considerado como um programa que luta contra o extremismo violento, através do fortalecimento da capacidade de resistência dos jovens ao conflito armado em Cabo Delgado, considerando que “se nós formos a olhar em termos de população jovem, notamos que há uma certa instrumentalização dos jovens para práticas extremistas, e a partir do momento em que temos iniciativas que potenciam os jovens a participar nos diferentes espaços políticos, económicos e sociais de certa forma estamos a contribuir para prevenção e combate ao extremismo violento através da divulgação de narrativas positivas para o desenvolvimento das comunidades”, acrescentou.
Por sua vez, o líder do projecto na Plan International, Luís Enoque, acredita que “Sou Jovem” poderá ter um impacto positivo na promoção da democracia em Moçambique, como também favorecer a inclusão social e participação nas decisões políticas do país.
“A meta é assegurar uma participação mais activa dos jovens em debates e tomadas de decisão, além de fomentar a democracia em Moçambique. Temos também a componente do engajamento das 45 organizações lideradas por jovens que igualmente estão representadas nas três regiões do país”, anotou.
Segundo Enoque, há ainda no país, uma certa exclusão de social tanto a nível individual, populacional assim como ao nível de engajamento das organizações da sociedade civil nos processos de tomada de decisão maioria de suas políticas.
“A actuação do governo não é evidente nesse aspecto, sendo importante que o governo assegure a inclusão dos jovens no processo de decisão, desde os conselhos consultivos até o mais alto escalão, mas nós como sociedade civil, notamos que isso não se faz sentir ainda. Existe uma fraca participação mesmo ao nível das assembleias provinciais, municipais e até mesmo na Assembleia da República de Moçambique, que é o organismo máximo de tomada de decisões, onde não estamos adequadamente representados”, afirmou.
Importa referir que o programa “Sou Jovem” tem financiamento da União Europeia e da Plan International da Finlândia num valor correspondente a um milhão e oitocentos euros. (Ângela da Fonseca)