Nampula (IKWELI) – A população da comunidade de Natiri, no distrito de Angoche, a sul da província de Nampula, acusa a empresa Gani Comercial de usurpar os seus campos de cultivo para o plantio de sisal, uma cultura de rendimento.
Cansado de procurar uma solução pacífica, a população daquele ponto de Nampula, segundo apurou o Ikweli, optou por incendiar a produção da Gani Comercial, ateando fogo sobre alguns hectares de sisal.
Este conflito, de acordo com nossas fontes no terreno, está a ganhar contornos alarmantes desde o ano passado, 2023, momento em que membros da comunidade foram detidos por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) a mando da empresa em referência.
Recentemente, a União Geral das Cooperativas de Nampula (UGC) levou, para monitoria de conflitos de terra, membros da Assembleia Provincial de Nampula àquela circunscrição, tendo se concluído que há mesmo problema.
Durante a visita, a população pediu aos membros daquele órgão para que tomem “atenção na área da agricultura, muito mais nos conflitos de terra em que nós vivenciamos no nosso quotidiano e outras questões que nos apoquentam aqui em Natiri, por isso pedimos aos membros presentes para puderem nos ajudar a fazer chegar esses nossos problemas na casa do povo para que sejam revolucionados no seu todo, porque aqui não temos boa coredenção com esse patrão GANI Comercial”.
Tina Mucula, residente em Natiri, explicou durante a referida visita que o conflito entre os moradores e a empresa começou “após a tentativa de pretender ocupar quase todo lado para a plantação do sisal, o que gerou muita briga até ao ponto de a população iniciar a queimar o campo de sisal daquele agente económico, foi quando o empresário começou supostamente a fazer usurpação da terra”.
“Nós não temos nenhum problema com o governo do distrito de Angoche, muito menos com o governo local como é o caso do chefe do posto de Namitoria, mas o nosso problema está com esse agente económico que nos trata muito mal, aqui nós vivemos como colonizados, temos um rio aqui chamado Natiri, mas quando tentamos usar para lavar as nossas roupas nos proíbem, a pergunta que colocamos é para a gente viver como?”, comentou esta fonte, que exige solução urgente para o problema.
Para além de usurpar as terras da população, a Gani Comercial, também, nada faz para marcar, socialmente, a sua presença naquela comunidade, segundo anotou Cátia Momade. “Esse agente económico não faz nada para a população, por exemplo num passado muito recentemente o governo do distrito de Angoche já estava a iniciar a construir uma escola melhorada nesta nossa comunidade, mas ele veio dizendo que iria se juntar com o governo para dar continuidade, mas somente trouxe pedras e areia só, isso nos dói muito”.
Entretanto, Ikweli ouviu Yunuss Gafar, proprietário da empresa GANI Comercial, garantiu estarem em curso iniciativas para a resolução do imbróglio.
“Aqui, infelizmente, há uma atitude de falta de carácter e esse carácter é um problema sério quando as pessoas agem mal, não sabem qual é o significado desse mal e esse mal vai ser ressentido dentro da empresa e dentro deles, porque eu terei menos trabalho para lhe dar e ao ter menos trabalho vou gastar menos dinheiro e vou também prejudicar a minha economia, mas é um processo que está sendo trabalhado com quem de direito e esperamos sanar”.
Gafar não se refere qual autoridade esteja a dirimir o conflito que opõe a sua empresa e a comunidade de Natiri, como também nega ter usurpado e/ou invadido campos familiares para a plantação do sisal.
“Nós exploramos as áreas concedidas, e nessa situação ninguém fala a verdade quando agride o outro ou quando viola os direitos dos outros, então há uma violação de propriedade e isso quem é lesado é empresa e não os terceiros. Infelizmente não posso quantificar aqui, mas, são perdas que vão refletir progressivamente no futuro”, concluiu Yunuss Gafar. (Malito João)